A imprensa francesa deste fim de semana dá destaque para a atualidade brasileira e se interessa pela série de manifestações previstas para este domingo (16) contra a presidente Dilma Rousseff. O diário Libération diz que chegou a hora do “acerto de contas” para a chefe de Estado, enquanto o site Médiapart diz que a chefe de Estado está “sabotando a herança deixada por Lula”.
O jornal Les Echos deste fim de semana explica que a população vai sair às ruas para exprimir seu “saco cheio” dos escândalos de corrupção.
Para o diário econômico, a população está irritada com a perda de poder aquisitivo e com o discurso complacente do Partido dos Trabalhadores (PT), no poder há 12 anos.
O jornal relata que os pedidos de impeachment são cada vez mais frequentes, que o índice de popularidade do governo é de apenas 8% e que, pela primeira vez, a oposição vai se unir oficialmente às manifestações de domingo.
Sabotar a herança deixada por Lula
O site Médiapart também traz uma reportagem na qual analisa o impasse da presidente, que estaria “sabotando a herança deixada por Lula para salvar sua cabeça”.
Segundo a jornalista Lamia Oualalou, que assina o texto, Dilma está “ameaçada de destituição, impopular e à frente de coalizão quebrada”.
Diante dessa situação, a chefe de Estado estima que “a única maneira de conseguir chegar ao fim de seu mandato é se aliando com a elite do país, com quem ela acaba de assinar um acordo que abre caminho para o desmantelamento do Estado-Providência no Brasil", ressalta a reportagem.
A jornalista se refere ao plano de retomada econômica, proposto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, validado por Dilma.
Pior crise desde a era Collor
O jornal Libération traz reportagem de duas páginas, com chamada de capa, sobre a situação atual da presidente brasileira.
O texto da correspondente Chantal Rayes relata os preparativos para as mais de 200 manifestações previstas para este domingo e explica que, desde que foi reeleita, “a protegida de Lula se afunda na mais grave crise política desde a destituição por corrupção de Fernando Collor, em 1992”.
A correspondente do Libération em São Paulo traz análises do cientista político Jorge Zaverucha, que afirma que “Dilma não tem mais condições de governar”.
Segundo o especialista, a presidente “perdeu toda sua credibilidade ao mentir para a população para se reeleger”.
Já o cientista político Rudá Ricci diz que a presidente tomou do povo tudo o que Lula havia conquistado para melhorar suas vidas.
Chantal Rayes reforça o argumento com o depoimento da manicure Kely, exemplo dessa camada da população que foi propulsada na classe média pelo “milagre” dos anos Lula. A entrevistada, que votou em Dilma, diz estar arrependida, pois seu nível de vida despencou, e vai manifestar no domingo.
Mas Libération lembra, no entanto, que apesar do isolamento político, a presidente não está totalmente sozinha, e que um desfile está previsto na quinta-feira (20), para contestar o que consideram como uma “ofensiva golpista”.
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