PERCEBENDO QUE A HORA DO FIM DO PARTIDO CHEGOU, PETISTA QUE DESTRUIU O RS QUER ABANDONAR O BARCO
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
Principal derrotado nas eleições municipais, o PT precisa ter humildade, evitar o discurso de vítima e fazer mudanças radicais de métodos e de direção.
O diagnóstico é do ex-ministro Tarso Genro, um dos principais líderes do partido.
O fiasco nas urnas exige transformações na sigla, diz o ex-governador gaúcho.
"O PT sofreu um isolamento na sociedade, e isso foi bem explorado pelos adversários.
É hora de lamber as feridas. O partido errou e tem que compreender que a reação foi a redução drástica de sua votação."
Tarso faz um ultimato: não participará mais de debates internos enquanto o partido não trocar a direção. "Só voltarei se houver uma mudança completa na executiva.
Isso não significa jogar suspeição sobre os companheiros que estão lá.
Mas precisamos compreender que fomos derrotados e temos que mudar."
Ele se diz contrário à ideia de entronizar o ex-presidente Lula no comando da sigla, em substituição a Rui Falcão.
"Acho que o Lula não quer e não deve ser presidente do PT.
Ele é uma liderança maior que o partido, tem que ficar solto", diz.
Para o ex-ministro, a Lava Jato ajudou a projetar uma "monstruosa onda antipetista que se disseminou no país".
"Agora precisamos avaliar que erros o partido cometeu para facilitar este cerco, que direcionou as investigações quase de maneira exclusiva contra o PT", afirma.
"É verdade que o partido contribuiu para isso."
Na contramão de alguns rivais, Tarso diz que o PT não vai se dissolver na crise em que mergulhou.
"Não acho que o PT vá definhar ou desaparecer.
Mas precisamos fazer uma revolução democrática. Estamos numa curva histórica", afirma.
"Uma sociedade democrática precisa de partidos de esquerda. O PT precisa olhar seus parceiros com humildade e abandonar a postura hegemonista", prossegue o ex-ministro, em aceno a siglas como PC do B e PSOL.
"Não vamos sobreviver com dignidade se voltarmos a contar com aliados como o PMDB", conclui.
FONTE - FOLHA DE SÃO "PAULO BERNARDO"

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