A Lava Jato está no auge
Brasil 17.03.17
A Lava Jato está no auge, segundo Deltan Dallagnol.
Leia alguns trechos da mensagem que ele publicou na Folha de S. Paulo:
A Lava Jato chega aos três anos no auge – até agora, pelo menos – de sua história. A investigação foi consistente e englobou 746 buscas e apreensões, 183 pedidos de cooperação internacional, 155 acordos de colaboração com investigados e 10 acordos com empresas.
As provas coletadas conduziram a 56 acusações criminais em primeira instância, contra 260 pessoas. Já há 26 sentenças condenando 130 pessoas a penas que, somadas, ultrapassam 1,3 mil anos.
Não é só a quantidade, mas o poder dos acusados levados a julgamento que impressiona. O valor que os réus já se comprometeram a devolver soma mais de 10 bilhões de reais, quando a regra na justiça penal brasileira é não recuperar nenhum real. E há muito mais por vir.
Os resultados que a sociedade mais espera ainda virão a partir do trabalho do Supremo Tribunal Federal, em relação a pessoas que têm foro privilegiado. A colaboração da Odebrecht lançará uma série de sementes de investigações, em muitos lugares do Brasil e do exterior, que poderão germinar e se tornar grandes operações.
Não sabemos ainda se a Lava Jato e todos os seus resultados inéditos, olhados do futuro, em perspectiva, serão um pequeno desvio no caminho do país, e ele retornará à estrada original, ou se ela nos colocará sobre novos trilhos, rumo a um país menos corrupto (…).
Não queremos que a justiça seja igual para todos, incluindo poderosos, apenas na Lava Jato. Não basta colocar na cadeia os corruptos da Lava Jato, mas também os outros 97% daqueles desviam dinheiro público e saem impunes (…).
A Lava Jato nos dá o gostinho do país que podemos ter, onde impera a lei para além do reino do papel. A população ganhou músculos ao ir para a rua várias vezes, buscando o fim da corrupção. Assim, a consciência do problema se somou ao sonho de reformas e à força da sociedade. É uma combinação poderosa.
Se as pessoas não se insensibilizarem, se não desistirem, chegaremos lá. E isso é vital. Desbastar galhos de uma árvore pode fazer com que brotem em maior quantidade e com renovado vigor. Precisamos arrancar essa árvore da corrupção, sob risco de termos um Brasil mais corrupto após a Lava Jato".
Dallagnol: "Anistia à corrupção"
DEPUTADOS E SENADORES SE PREPAREM
Brasil 17.03.17
Deltan Dallagnol foi entrevistado por Matheus Leitão, do G1.
Sobre a autoanistia que está sendo costurada no Congresso Nacional, ele respondeu:
"A gente não pode generalizar, porque existem políticos honestos, mas existem muitos políticos de dentro, influentes, poderosos, que estão implicados nas investigações e a tendência natural é que se protejam, e que eles caminhem buscando a aprovação de uma autoanistia. Uma anistia não ao caixa 2, mas uma anistia à corrupção. Ainda que disfarçada de discurso de anistia a caixa 2. O que se pretende, na realidade, quando se fala em anistia a caixa 2, é disfarçar algo que é absolutamente inaceitável, que é a anistia à corrupção, colocando a roupagem de algo que é menos inaceitável, que é caixa 2, ainda que seja um crime grave também. O que se busca é construir uma espécie de cinismo em um discurso que na verdade não retrata a realidade. Quando veio à tona o texto, a previsão de anistia ao caixa 2 no ano passado, na época em que a população se insurgiu, o texto previa anistia não só dos recursos que eram destinados para financiamento de campanha, mas também aos crimes relacionados. E, quando se refere a crimes relacionados, se refere, inclusive, à corrupção que é praticada para fins de financiamento eleitoral. Uma coisa não pode ser confundida com a outra: as investigações da Lava Jato lidam com o binômio corrupção ou não corrupção, enquanto a classificação de caixa 1, caixa 2 ou enriquecimento próprio vem da destinação e não da origem dos recursos".
perverso pela sua falsidade cairá" (Provérbios 11:5).
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