Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou
nesta quinta-feira (26) a norma que restringe o prazo do crédito rotativo do
cartão de crédito.
Segundo a norma, o rotativo só poderá ser usado até o
vencimento da fatura seguinte. Se na data do vencimento o cliente não tiver
feito o pagamento total do valor da fatura, o restante terá que ser parcelado
ou quitado.
O Banco Central informou que a medida tem como objetivo
tornar o uso do cartão de crédito mais eficiente e mais barato. A expectativa é
que as mudanças ajudem a reduzir a taxa de juros do crédito. Os juros do
rotativo de cartão de crédito fecharam o mês de dezembro de 2016 em 484,6% ao
ano.
O diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso,
não deu um prazo para a queda nas taxas de juros do rotativo nem estimou de
quanto seria essa redução.
A decisão de estimular a redução dos juros
do cartão de crédito foi anunciada
pelo presidente Michel Temer no
último dia 22 de dezembro.
As instituições financeiras terão até 3 de abril para
fazer as mudanças necessárias a fim de se adaptarem à norma, mas poderão optar
por adotá-la antes dessa data.
Segundo o Banco Central, o parcelamento terá que ser
“financiado em condições mais vantajosas ou liquidado imediatamente pelo
cliente”.
Segundo o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio
Damaso, o parcelamento da fatura é uma opção da instituição financeira, mas ele
acredita que "naturalmente" elas vão oferecer o parcelamento.
“Nenhuma instituição quer levar o cliente para a
inadimplência. É ruim para ela”, afirmou. Caso o banco não ofereça o
parcelamento, o cliente terá que buscar outra solução para quitar a dívida, ou
poderá ficar inadimplente.
Logo após o anúncio da decisão do Conselho
Monetário Nacional, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito
(Abecs) divulgou nota de apoio à medida.
Segundo a entidade, a decisão "vai ao encontro das
medidas previamente anunciadas pelo Banco Central no âmbito dos cartões de
crédito e norteará os ajustes remanescentes necessários para que as
instituições emissoras de cartão atendam aos prazos requeridos".
"A Abecs reitera o seu entendimento de que a
fixação do prazo de permanência do cliente no crédito rotativo para o máximo de
30 dias (entre uma fatura e outra), aliada à disponibilização automática de
alternativas de financiamento por meio do cartão, como o parcelamento da
fatura, permitirá maior controle do consumidor e menor comprometimento da sua
renda mensal", diz o texto da nota.
A assessoria do Bradesco informou que, para o banco, as
medidas são "fatores de estímulo ao uso adequado de linhas emergenciais,
como o rotativo".
"Para a sociedade, representa uma importante
mudança no sentido de possibilitar a redução do comprometimento da renda das
pessoas que vierem, eventualmente, acessar o rotativo dos cartões de crédito. É
um avanço que trará eficiência nas relações com os consumidores", diz nota
divulgada pela assessoria do Bradesco.
Segundo a nota, o Bradesco fará as adaptações para se
ajustar à nova regra dentro do prazo estabelecido pelo CMN.
O diretor executivo da área de cartões do Itaú Unibanco,
Marcos Magalhães, informou, também em nota, que apoia a redução dos juros no
rotativo do cartão e que acredita que "a medida é benéfica para o setor e
a economia, pois dinamiza o crédito e contribui para a diminuição da
inadimplência."
"O banco entende que o modelo de rotativo
tradicional do cartão é uma opção para ser utilizada apenas em situações
emergenciais e por um período curto de tempo", diz o diretor do Itaú
Unibanco.
" De forma geral, acreditamos que ainda há espaço para
redesenhar o sistema de cartão de crédito no Brasil, com um rebalanceamento dos
custos dos vários tipos de pagamento e financiamento. As medidas divulgadas
pelo governo são um passo importante na direção de modernizar esse setor e o
Itaú buscará perseguir iniciativas que contemplem a continuidade desta
evolução", completou ele.
O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli,também
repercutiu o assunto: "Não tenho dúvidas que essa é uma contribuição
efetiva do sistema financeiro para ajudar o país a ingressar em um ciclo de
crescimento.
O BB não só apoia essas medidas, como anunciou uma redução de até
4 pontos percentuais na taxa praticada no rotativo, o maior corte do
mercado", disse.
"O diálogo entre o sistema financeiro e o governo federal é o caminho
mais adequado para estimular o crescimento do crédito no país, com
responsabilidade", acrescentou.
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