◘ LIBERAÇÃO DE CASSINOS GANHA FORÇA COM A CONCORDÂNCIA DE BOLSONARO.

Liberação dos cassinos ganha força com a concordância de Bolsonaro em debater o tema e com pressão do Centrão no Congresso; tema faz reviver hotel da região nascido na época de ouro das casas de jogos.

O aceno positivo do Ministério do Turismo e a pressão do Centrão no Congresso Nacional para liberação de cassinos no Brasil fazem ressurgir a memória afetiva dos moradores da região de Rio Preto. Afinal de contas, o Grande Hotel de Ibirá surgiu exatamente impulsionado na esteira das grandes casas de jogos, quando a jogatina era legalizada no País, e embora tenha tido vida curta em sua principal finalidade continuou por décadas como referência principalmente para os casais apaixonados.
De portas fechadas e a exibir as chagas da inatividade, o hotel hoje é o avesso do charme que ostentou um dia, quando povoava o imaginário principalmente de jovens enamorados. A ponto de, não raras vezes, pares românticos recorrerem ao "Porta da Esperança" - um dos programas clássicos e de maior sucesso de Silvio Santos nos anos 1980 - para realizarem o sonho de passarem a lua de mel no Grande Hotel.
Na quarta-feira desta semana, dia 27, deputados federais do grupo conhecido como Centrão consultaram o presidente Jair Bolsonaro se o governo apoiaria um projeto com este teor, mas não receberam dele uma resposta definitiva. Bolsonaro disse aos interlocutores que, antes, seria preciso consultar a bancada evangélica - que é contra o projeto, mas já admite discutir uma alternativa. O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus - uma forte aliada bolsonarista -, por exemplo, defende a autorização do jogo de azar, mas apenas para estrangeiros.
Bolsonaro avisou, no entanto, que não concorda com a liberação do caça níquel porque "pais de família" podem usar o dinheiro do salário para jogar. Mesmo sendo contrário aos jogos, o presidente já deu sinais de que há a possibilidade de deixar cada Estado decidir o assunto por conta própria.
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, engrossa os coros dos que defendem a discussão no Congresso sobre a possibilidade de liberação das casas de apostas. "Hoje, 93% dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já têm cassinos integrados a resorts. Isso já é uma realidade", afirmou o ministro, também esta semana. "É inevitável que o tema seja discutido nos próximos meses no País", declarou.
Ao anunciar uma medida provisória para a área turística, o ministro afirmou que o Brasil recebe atualmente cerca de 6,6 milhões de turistas estrangeiros por ano, e a liberação dos cassinos pode ajudar a elevar essa quantidade para até 20 milhões. "O impacto será considerável na economia do País", argumentou Álvaro Antônio.
Questionado sobre as avaliações de que a liberação dos cassinos pode facilitar crimes como a lavagem de dinheiro, o ministro respondeu que o tema precisa ser debatido entre o Parlamento e a sociedade, com a participação dos ministérios da Justiça e da Economia. "Gostaria de envolver a Polícia Federal e a Receita Federal para apresentarmos um projeto desmistificando muitas situações que não condizem com a verdade, como evasão de divisas e lavagem de dinheiro", completou.
Um projeto de lei com relatório apresentado em 2016, autorizando a exploração de jogos de azar em todo o território nacional, está pronto para votação em plenário. Duas propostas com conteúdo defendido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foram anexadas ao mesmo texto e ele se mostra inclinado a pautar a medida. Maia, inclusive, é favorável à abertura de cassinos desde que restritos a resorts.
O coordenador da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara, Silas Câmara (Republicanos-AM), disse que o grupo - formado por 195 dos 513 deputados - é majoritariamente contra a ideia, mas não descartou o debate de opções. "A bancada ouviria, dependendo de quem vier com a explicação", afirmou Câmara, citando o exemplo do prefeito do Rio. "Sendo ele [Crivella] um evangélico, não seria difícil ouvi-lo. A gente dialoga. Agora, dialogar e trazer uma proposta que não seja correta é complicado", completou.
(Com Agência Estado)
Diario da Região

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