Um
estudo do Instituto Norueguês de Pesquisa do Patrimônio Cultural (NIKU)
descobriu um navio viking em uma fazenda usando radar aéreo.
O
achado foi uma surpresa e um golpe de sorte, uma vez que este local em
particular não fazia parte da área de pesquisa original da equipe.
“Nós
terminamos a área combinada, mas tivemos tempo de sobra e decidimos fazer uma
pesquisa rápida em outro campo. Acabou sendo uma boa decisão”, disse o
arqueólogo Manuel Gabler, da NIKU, em um comunicado à imprensa.
O navio
O navio foi descoberto
por radar de penetração no solo. Ele estava escondido sob uma fazenda perto da
antiga cidade de Edøy, no oeste da Noruega. Nas proximidades, restos de postes
indicavam os contornos fantasmagóricos de duas casas.
“O que podemos dizer é
que esse tipo de casa geralmente data do período pré-cristão na Noruega. Em
alguns casos, casas foram encontradas em locais de enterro que foram interpretados
como ‘casas de morte’, ou seja, casas que provavelmente estavam ligadas ao
culto aos mortos”, disse arqueólogo Dag-Øyvind Solem, também do NIKU, ao Ars.
Por enquanto, os
pesquisadores não podem dizer quantos anos o navio tem, embora deva ter pelo
menos mil anos, datando da Era Viking ou do período merovíngio anterior.
As imagens do
radar são bastante detalhadas, no entanto. Por exemplo, os pesquisadores
notaram que as extremidades do navio parecem ter sofrido danos, provavelmente
por conta da agricultura, mas a maior parte do casco parece intacta. Com base
no comprimento da quilha (a “espinha dorsal” de um navio), os arqueólogos
estimam que ele tinha entre 16 e 17 metros.
Enterro
de alguém importante
Nas imagens, o
contorno do navio apareceu claramente circulado pelos restos de uma vala.
“Além
de ter um significado potencialmente simbólico, acredita-se que as valas têm a
função prática de fazer com que os montes pareçam maiores do que realmente
eram”, afirmou Solem.
Ainda não é possível
dizer a quem pertencia esse túmulo ou quantos esqueletos contém, mas
provavelmente é a vala de algum governante ou indivíduo poderoso. Neste caso, a
pessoa teria sido enterrada com artefatos como ouro, prata, armas e talvez até
com escravos ou membros da família.
No entanto, o navio
pode ter sido roubado em algum período da sua história passada. Descobertas
semelhantes já foram encontradas saqueadas.
Próximos passos
Esse não é o primeiro navio com vala descoberto por
radar. No ano passado, outra pesquisa revelou um navio de 20 metros enterrado
apenas meio metro abaixo do solo em Gjellestad, no sudeste da Noruega. O local
está sendo escavado, mas os resultados ainda não foram divulgados.
O próximo passo em
Edøy é escavar o navio também – se isso for permitido. “A decisão do que acontecerá
em seguida depende da Diretoria do Patrimônio Cultural (Riksantikvaren). Para
ser franco, não sabemos se a descoberta será totalmente escavada ou mesmo
totalmente deixada em paz”, explicou Solem.
Escavar mesmo uma
pequena área do navio já dará aos arqueólogos uma melhor visão de sua condição,
no entanto, bem como a chance de conduzir análises na madeira e no que mais for
coletado.
Eventualmente,
os arqueólogos esperam responder a perguntas sobre um importante
desenvolvimento tecnológico medieval: a quilha.
“A
evolução da quilha, que contribuiu para o início do período viking, é um
assunto importante na Escandinávia. Um achado como esse contribuirá,
esperançosamente, para o nosso entendimento do desenvolvimento dos navios
viking”, afirmou Solem.
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