30 de agosto de 2020
No final da Segunda Guerra Mundial, o exército britânico tinha um enorme excedente de munições e explosivos, que eles precisavam se livrar de qualquer jeito. Sugeriu-se que o excesso de munição poderia ser utilizado para experiências sísmicas através da criação de explosões controladas para gerar ondas sísmicas com intensidade comparável aos produzidos por pequenos sismos.
A maior guerra da história humana com a Alemanha tinha terminado e o território alemão sendo disputado entre os aliados e os soviéticos e algumas situações dentro do território alemão poderiam ser feitas sem que ninguém desse importância uma vez que o governo alemão tinha se dissolvido. Em julho de 1946, um depósito de munição perto da cidade de Soltau, no norte da Alemanha, foi explodido produzindo ondas sísmicas que foram observados a distâncias de até 50 quilômetros.
A ilha principal é comumente dividida em Unterland (terras baixa), que fica ao nível do mar, Oberland (terras alta), que consiste no planalto e Mitterland (terra do meio), que surgiu em 1947, como resultado de explosões detonadas pela Marinha Real Britânica.
A baía alemã e a área ao redor da ilha são conhecidas por terem sido habitadas desde os tempos pré-históricos. Ferramentas de sílex foram recuperadas do fundo do mar ao redor de Heligolândia. Na parte conhecida por Oberland, túmulos pré-históricos eram visíveis até o final do século 19, e as escavações mostraram esqueletos e artefatos. Além disso, placas de cobre pré-históricas foram encontradas submersas perto da ilha, e provavelmente foram feitas na parte alta da ilha.
Devido à sua localização estratégica, Heligolândia tem uma longa história militar. Originalmente ocupada por pastores de ovelhas e pescadores, a ilha estava sob o controle dos duques de Schleswig-Holstein em 1402 e tornou-se uma possessão dinamarquesa em 1714. Em 1807, durante as guerras napoleônicas, Heligolândia foi ocupada pela frota britânica e formalmente cedida à Grã-Bretanha em 1814. Em 1890, a ilha foi transferido para a Alemanha em troca de Zanzibar e outros territórios africanos.
Numa determinada época da história, os civis foram evacuados da ilha, e a mesma se transformou numa importante base naval alemã, com cais, docas e um porto, bem como muitas fortificações subterrâneas e baterias antiaéreas. A região foi o cenário da “Batalha de Heligoland Bight” em 1939, resultado de tentativas de bombardeio britânico em navios da marinha alemães naquela área e a ilha foi freqüentemente bombardeada por aviões britânicos.
Quando a Primeira Guerra Mundial terminou, os ilhéus voltaram para a ilha que se tornou uma popular estância turística para a classe alta europeia. A ilha atraiu artistas e escritores, especialmente da Alemanha e da Áustria.
Com a derrota da Alemanha, a ilha tornou-se um alvo simples e excelente para os testes de disparo dos protótipos aeronáuticos da Força Aérea Real (RAF), até os ingleses decidirem quebrar o recorde de tamanho de explosões para a ciência.
Em 18 de abril de 1947, a Marinha Real detonou 6.700 toneladas de explosivos criando uma nuvem de cogumelo negro que subiu 2.000 metros de altura. Pessoas no continente a 60 quilômetros foram avisados para abrirem as janelas para evitar a implosão e a explosão foi registrado na Sicília, há mais de 1000 quilômetros de distância. O “Guinness Book of World Records” lista a explosão de Heligolândia como a maior explosão não-nuclear do mundo e a única na história.
A detonação que liberou energia equivalente a um terço do que foi liberada pela bomba atômica de Hiroshima, sacudiu a ilha principal vários quilômetros até sua base e criou uma enorme cratera (Mitterland), mas os britânicos acreditavam que a ilha seria totalmente destruída. A ilha sobreviveu, mas a sua forma física foi alterada para sempre. Sua ponta sul cedeu na enorme cratera que se formou, e atualmente é um importante ponto turístico e econômico das ilhas.
A Real Força Aérea continuou a usar a ilha como alvo de bombardeio. Em dezembro de 1950, dois estudantes e um professor da Universidade de Heidelberg, da Alemanha, ocuparam a ilha proibida e ergueram várias bandeiras alemãs e europeias. Eles foram presos pelos britânicos e deportados de volta. O evento deu início a um movimento para devolver as ilhas à Alemanha, que ganhou o apoio do parlamento alemão.
Em 1º de março de 1952, Heligolândia foi devolvida ao controle alemão e os antigos habitantes foram autorizados a retomar. As autoridades alemãs retiraram uma quantidade significativa de munição não detonada e reconstruíram as casas antes de permitir que seus cidadãos se instalassem novamente.
Heligolândia voltou a ser uma estância de férias e goza de um estatuto de isenção de impostos e atualmente mais de 500.000 turistas visitam a ilha por ano. Faz parte do distrito de Pinneberg, estado de Eslésvico-Holsácia.
Como não poderia deixar de ser, há lendas locais que tentam justificar a explosão na ilha pelos ingleses. Um ex-pastor luterano chamado Jürgen Spanuth estava convencido de que Heligolândia, estava localizada sobre a capital dos atlantes (a famosa Atlântida submersa pelo efeito do degelo) e que a grande explosão nada mais era do que uma manobra encoberta do governo inglês para descobrir e pilhar tesouros da civilização perdida.
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