Por Liliane Jochelavicius, em 31.08.2020
Um grupo de cientistas do Instituto de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Wuhan, na China, desenvolveu um
protótipo de motor a jato sem uso de combustíveis fósseis. Ele comprime o ar e
ioniza com micro-ondas, assim gera plasma que impulsiona o motor. Os problemas
causados pelo uso de combustíveis fósseis motivou o trabalho. A descrição do
motor foi publicada na revista AIP Advances.
O professor da Universidade de Wuhan,
Jau Tang, falou que com o modelo desenvolvido por eles não há emissão de poluentes
que provocam efeito estufa e aquecimento global. O método usado é diferente de
outras tentativas de criar propulsores a jato de plasma.
Há sonda da Nasa que usa plasma de
xenônio. Mas essa alternativa, de acordo com os pesquisadores, não consegue
superar o atrito na atmosfera e, portanto, não é suficientemente poderosa para
transporte aéreo.
Já o propulsor desenvolvido na
Universidade de Wuhan gera alta temperatura e pressão para propulsão a jato
usando ar e eletricidade. Tang sugere que o dispositivo possa, no futuro, ser
produzido em tamanho suficiente para ser usado em aviões comerciais. O
protótipo conseguiu elevar uma bola de aço de 1 kg sobre um tubo de quartzo de
24 milímetros de diâmetro. Em escala, esse é o mesmo impulso de um motor a jato
convencional.
Para um jato em escala real é preciso
construir uma variedade desses propulsores. Os envolvidos na pesquisa trabalham
para melhorar a eficiência do dispositivo para atingir esse objetivo. Os
autores acreditam que o motor seja uma alternativa potencialmente viável, com
base nos resultados.
Desafios
O site Futurism levanta a questão de
que se o dispositivo de Tang fosse produzido em escala suficiente, seria
necessária uma quantidade substancial de energia. Isso poderia acabar com a
possibilidade de aplicação aeroespacial, porque combustíveis fósseis armazenam
muito mais energia por peso do que baterias.
Engenheiros pensam
em naves movidas a jato de plasma há algum tempo, mas as tentativas até agora
encontraram limitações tecnológicas. Os trabalhos já desenvolvidos não puderam
ser aplicados fora do laboratório.
Tirar o
dispositivo do laboratório e torná-lo aplicável requer muito dinheiro e tempo.
Por isso a intenção de Tang é demonstrar o mérito do dispositivo na expectativa
de que alguma organização bem financiada seja inspirada e de segmento à ideia.
Além da questão da
fonte de energia para o motor, tem a questão de levá-la pela aeronave até o
dispositivo. Com a tecnologia disponível hoje, a forma de gerar energia
suficiente com pouco peso seria algo como o reator de fissão nuclear compacto,
mas ele representa implicações ambientais e de segurança.
Embora outros cientistas identifiquem que faltam dados na pesquisa e questões envolvendo tecnologia possam barrar a passagem do protótipo do laboratório para aplicações em larga escala, eles consideram o trabalho interessante e esperam que funcione. [Futurism, EurekAlert, Ars Technica]
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