O automóvel mais vendido nos Estados Unidos, há décadas, é a musculosa picape Ford F150.
No Brasil, uma picape menor, a Fiat Strada, também tem frequentado com assiduidade a liderança no ranking dos veículos mais comercializados.
E, a cada ano, novos modelos são anunciados, em milionárias
campanhas publicitárias, pelas montadoras. Com ou sem crise, o mercado para
este tipo de veículo tem se mantido bastante acelerado.
.
Nas últimas décadas, os veículos espartanos de outrora se transformaram em automóveis de luxo, utilizados largamente também nas grandes capitais do país.
Não por acaso, uma legião de antigomobilistas brasileiros – ligados ou não ao agro – se dedica, atualmente, a preservar modelos icônicos do segmento, que marcaram época na paisagem rural brasileira.
Diretor do Veteran Car Club do Brasil/RS, e integrante do Clube da C10 no Facebook, Maciel adquiriu o veículo já restaurado. Precisou apenas melhorar a parte mecânica, refazendo freios e ajustando o motor e a suspensão.
“Não tive dificuldade para encontrar peças. O mercado ainda dispõe de muita oferta de componentes e tenho um mecânico, que já me atendia em outros automóveis antigos, que conhece a C10 e faz uma excelente manutenção.”“Paixão de
criança”. Assim o especialista em desenvolvimento de produtos Telmo Ricardo
Wollmann, filho de produtores rurais em Cachoeira do Sul, na região central do
Rio Grande do Sul, define o seu gosto por picapes.
.A paixão pelas grandalhonas vem de longe, como se vê. “Adoro picapes pelo seu tamanho, pelo ronco do motor V8, e pelo cheirinho característico que têm até hoje. Depois da restauração, a F100 do meu pai ficou exatamente igual ao que era quando nova. Hoje temos mais uma C10 1974, que ainda está na fazenda para ser restaurada”.
..E qual é a sensação de dirigir um veículo dos anos 1960 pelas ruas congestionadas de Porto Alegre, onde Wollmann vive hoje? “É muito divertido. No para e arranca do trânsito, chega a ser emocionante. As perguntas sempre aparecem: qual o ano? Gasta muito? Não vende, né? Meu avô tinha uma ‘Chevrolet’ dessas…”
“Era a que tinha o melhor custo-benefício em sua época”, lembra o empresário, que a utilizou por muito tempo em sua transportadora e para abastecer uma propriedade rural em Tapes, a 126 quilômetros de Porto Alegre. Apesar de pegar no pesado regularmente, a picape da Ford sempre recebeu manutenção semelhante à dispensada aos reluzentes clássicos de sua coleção.
“É muito
fácil mantê-la. Ainda se encontram peças para ela”, diz Ruiz. A versão militar
foi o primeiro veículo deste tipo exportado pelo Brasil – 150 unidades, para
Portugal.
Com mecânica simples e resistente, e o carinho
com que são tratadas por seus proprietários, essas relíquias dos primeiros
tempos do agronegócio brasileiro certamente ainda vão muito longe.
Mas, agora,
merecidamente aposentadas do trabalho duro, sem precisar sacolejar por estradas
esburacadas, transportar tonéis “nas costas” e atravessar atoleiros.
Irineu Guarnier Filho é brasileiro, jornalista especializado em agronegócios e vinhos, e um entusiasta do mundo automóvel. Trabalhou 16 anos num canal de televisão filiado à Rede Globo. Actualmente colabora com algumas publicações brasileiras, como a Plant Project e a Vinho Magazine. Como antigomobilista já escreveu sobre automóveis clássicos para blogues e revistas brasileiras, restaurou e coleccionou automóveis antigos.
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