31/1/2012 14:08,
O USS Annapolis, um submarino dos EUA, cruza o Canal do Suez rumo ao Irã
Mais dois vasos de guerra dos EUA cruzaram o Canal do Suez, nesta terça-feira, para se juntar à esquadra norte-americana no Mar Vermelho, em um novo aumento na escalada militar em torno do Estreito de Ormuz. O submarino USS Annapolis e o destróier USS Momsen ampliam dramaticamente o poderio de fogo da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) no Golfo Pérsico.
A travessia do Suez foi a maior operação militar das últimas décadas naquela região do Egito. A administração do canal, por questões de segurança, precisou fechar o trânsito de embarcações comerciais por quatro horas, nesta manhã, ao mesmo tempo em que interrompeu o tráfego de veículos sobre a ponte e a rodovia de acesso ao local, segundo informe da agência russa de notícias Interfax. Oficialmente, o Departamento de Defesa dos EUA não informam o destino das embarcações, mas seguiram em direção à costa do Irã, onde se concentra a V Frota.
Atualmente, os EUA mantêm alinhadas as baterias contra Teerã nos porta-aviões USS Abraham Lincoln e USS Carl Vinson, além do USS Enterprise, que levará ainda 30 dias até chegar ao local, deslocando-se do Mar Mediterrâneo, onde integrava o comboio naval da VI Frota, com um contingente de 1,7 mil homens e perto de 50 aeronaves a bordo.
Desde que os EUA e a União Europeia iniciaram um novo ciclo de sanções econômicas contra o Irã, impondo o embargo ao petróleo produzido naquele pais, a república islamita tem previsto o fechamento do Estreito de Ormuz como retaliação, medida considerada inaceitável por parte dos países ocidentais. Enquanto isso, um oficial de Marinha do Kuwait alerta para a entrada em operação do plano de contingência coordenado pelo Conselho de Cooperação do Golfo para o caso de o Irã fechar a passagem por onde circulam 40% de todo o petróleo consumido no mundo.
Agenda imperial
Em uma nova tentativa de destensionar a região, o Irã ofereceu mais tempo aos agentes da Agência de Energia Nuclear das Nações Unidas (AIEA, na sigla em inglês) para inspecionar os reatores atômicos em construção no país e tentar provar, assim, que o programa de geração de energia com base no enriquecimento de urânio é pacífico e inegociável, pois o governo não abre mão do direito de gerar energia a partir desta matriz. Em face da oposição de Israel, que condenou a iniciativa iraniana e teme por sua existência enquanto Estado organizado, caso a nação vizinha reúna um poderio nuclear equivalente ao que as forças armadas israelenses detêm, aumentam as chances de uma nova escalada de violência no Oriente Médio.
Titular do programa Taking Aim, o jornalista Ralph Schoenman, no entanto, acredita que o fato de os EUA e a Otan ampliarem o ritmo de concentração de poder de fogo ao redor do Estreito de Ormuz é um sinal negativo para a manutenção da paz.
– Não tenham mais esperanças nas ações da AIEA. Digo que não há mais esperanças porque os EUA e os países capitalistas da Europa sempre irão agir de forma a preconizar a incerteza. Podemos estar certos de que os relatórios, após as inspeções, por mais amplas que sejam, de um ou mais desses inspetores, que atuam como verdadeiros agentes da inteligência do Ocidente, dirão sempre: 'Bem, há evidências de que eles podem estar fazendo isso e eles podem estar fazendo aquilo. A realidade é que a agenda do império, do grande capital, está agora concentrada no Irã – afirmou o jornalista, que transmite a partir de Vallejo, no Estado norte-americano da Califórnia.
Schoenman foi secretário-geral do Tribunal Internacional sobre os crimes de guerra dos EUA na Indochina e diretor-executivo da Fundação Bertrand Russel pela Paz. Ele passou sete meses na Bolívia, em 1967, onde foi preso por revelar o assassinato do líder guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara. Também trabalhou com o ativista pelos Direitos Humanos dos EUA Malcom X.
– É preciso atentar também para o fato de que a própria idéia de que o Irã, de alguma forma, seja obrigado a abrir suas fronteiras aos inspetores, essencialmente autorizados a operar de acordo com as orientações da agência norte-americana de inteligência (a Central Intelligence Agency, CIA, na sigla em inglês) e do serviço de inteligência de Israel, o Mossad, expressa o ultraje aos direitos internacionais. Esta ação não tem legitimidade e deve ser repudiada e exposta para que todos vejam exatamente o que está em curso – concluiu Schoenman.
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