Na sexta-feira, dia 15 de fevereiro, o asteroide DA14 com as dimensões de meio campo de futebol irá passar a uma distância de 28 mil km do nosso planeta, pela parte de dentro do anel de órbitas geoestacionárias. Este será o maior asteroide a passar tão perto da Terra desde que tiveram início as observações regulares de objetos espaciais potencialmente perigosos nos anos de 1990.
Com a aproximação do DA14, ressurgiram as discussões sobre a necessidade de combater o perigo dos asteroides. Ao contrário da polêmica provocada pelo Apophis, agora tem havido alguns avanços concretos. A Agência Espacial Europeia (ESA) começou, no dia 1 de fevereiro, a aceitar propostas técnicas para o desvio de corpos espaciais perigosos da Terra.
Na verdade, a ESA limitou a criatividade dos engenheiros a um único conceito experimental, o AIDA (The Asteroid Impact & Deflection Assessment). A sua essência se resume ao seguinte: dois aparelhos são enviados em direção ao par de asteroides que rodam um à volta do outro. A primeira sonda colide a grande velocidade com o asteroide mais pequeno, desviando-o da sua rota com o empuxo do seu impacto. A segunda sonda, de observação, regista a alteração do seu período de rotação mútua.
Porque foi escolhido um sistema duplo? Porque nele as alterações dos parâmetros são mais facilmente detetáveis que num sistema singular. Entretanto, também ficará esclarecido se o asteroide mais pequeno, depois de atingido, poderá levar atrás de si o maior, funcionando como um “trator” gravitacional. A missão está planejada para 2022. Já foi escolhido um asteroide duplo para a experiência, é o Didymos, composto por um corpo de 800 metros e um satélite de 150 metros.
A Rússia também tem projetos semelhantes para se defender dos asteroides, diz Lidia Rykhlova, chefe do departamento de astrometria espacial do Instituto de Astronomia da Academia das Ciências Russa:
“Nos Urais, no Centro Makeev de foguetes espaciais, foi desenvolvido um sistema de dois aparelhos, dos quais o primeiro de investigação e o segundo transporta uma carga explosiva, possivelmente mesmo nuclear. O Centro já está a trabalhar nesse projeto há muito tempo. Há cerca de 20 anos, na Rússia, num dos centros nucleares, decorreu uma conferência com a participação do “pai” da bomba de hidrogênio norte-americana, Edward Teller. Nessa ocasião foi dito pela primeira vez que não existe outra defesa contra os asteroides que não seja enviar uma sonda com uma bomba e, com a explosão, provocar a sua fragmentação.”
Ainda é melhor a versão com dois dispositivos nucleares (ou termonucleares): a explosão do primeiro irá criar no asteroide uma cratera profunda, enquanto o segundo irá explodir dentro dele, fragmentando-o em bocados. É verdade que para isso seria necessário introduzir correções nos documentos da ONU que proíbem o envio de armas nucleares para o espaço.
Os cientistas consideram como outros métodos eficazes de luta contra os objetos perigosos o já referido golpe de um projétil cinético ou a instalação no corpo celeste de um motor de foguete para o seu desvio. Não é de excluir a utilização, algum dia, de um destes métodos contra o DA14 atual.
Aliás, ele foi descoberto por acaso. O asteroide foi visto há um ano pelo dentista e astrónomo Jaime Nomen no ecrã do seu computador portátil. Nessa altura, ele estava embarcado num navio no Mediterrâneo e visionava as fotos de um observatório em Espanha. O astrónomo amador informou da sua descoberta o Centro de Pequenos Planetas (Minor Planet Center) nos EUA e os astrónomos de todo o mundo apontaram os seus telescópios.
Os primeiros cálculos da sua órbita alarmaram os cientistas: o DA14 estava em rota de colisão com a Terra. Depois da correção dos cálculos da sua trajetória, se verificou que no dia 15 de fevereiro de 2013 não haverá de certeza qualquer colisão, apesar de se manter durante décadas uma pequeníssima probabilidade de isso acontecer.
A passagem do DA14 será transmitida por muitos sites de astrofísica (pelo www.space.com, por exemplo). A aproximação máxima à Terra acontecerá às 03.24 horas de Moscou de sábado, nesse momento o DA14 passará sobre a Ilha de Sumatra. Ele será visível por telescópios a partir da Europa, de África, da Ásia e da Austrália. Já os observadores do hemisfério ocidental não terão tanta sorte – nessa altura aí será dia.
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