Sede do BCE, em Frankfurt
A zona do euro deve sair oficialmente, nesta quarta-feira, da recessão mais prolongada de sua história, embora a recuperação deva ser frágil e a saída da crise ainda esteja longe, disseram analistas, na véspera da publicação dos dados trimestrais europeus.
Depois de seis trimestres consecutivos de recuperação, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro deve crescer 0,1% ou 0,2% no segundo trimestre, segundo os analistas. A agência europeia de estatísticas, Eurostat, publicará as cifras oficiais na quarta-feira por volta do meio dia.
Esta alta, apesar de mínima, se traduzirá, se for confirmada, em uma saída da recessão para a zona do euro, formada por um núcleo de países da União Europeia que fixaram em 1999 critérios estritos para pertencer à União Monetária.
O crescimento deve se acelerar no terceiro trimestre.
Vários índices apontam para essa direção: a recessão se atenuou no período de abril a junho na Itália (-0,2%) e na Espanha (-0,1%), terceira e quarta economias da zona do euro.
Na Bélgica, o crescimento se acelerou muito levemente nesse período, com alta de 0,1% do PIB depois de um começo de ano em ponto morto (PIB estável). A economia belga, muito dependente do comércio com o resto da UE, é frequentemente considerada como um bom testemunho da conjuntura europeia.
Além disso, recentemente "os índices de confiança mostraram uma melhoria, partindo de níveis baixos, e confirmaram o cenário de uma estabilização da economia", afirmou no começo de agosto o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.
Da produção industrial às vendas no varejo, passando pelos índices de confiança, todos os dados mostraram sinais de melhora na primavera (do hemisfério norte).
Finalmente, pela primeira vez em dois anos, a quantidade de desempregados retrocedeu em junho na zona do euro, apesar de a taxa de desemprego continuar em níveis recordes, lembrou Howard Archer, economista de IHS Global Insight.
Apesar de tudo "ainda é muito cedo para evocar um fim da crise da dívida na zona do euro", alertam os analistas da Société Générale CIB, Michala Marcussen e Brian Hilliard.
Contudo, a recuperação da atividade durante a primavera esconde importantes disparidades e depende amplamente do motor alemão.
A economia alemã deve crescer 0,6% no segundo trimestre, sustentada pela construção, depois de um primeiro trimestre marcado por condições meteorológicas desfavoráveis. O PIB da Alemanha também será publicado na quarta-feira assim como o da França, Holanda e Portugal.
Na França, as últimas previsões do instituto nacional de estatísticas, INSEE, projetam uma alta de apenas 0,2% no segundo trimestre.
Entre as outras dificuldades para a conjuntura geral, o presidente do BCE destacou os diferentes ajustes aplicados por vários países da zona do euro, que se traduzem em grandes cortes orçamentários.
Isso "vai continuar pesando na atividade econômica", disse Draghi para quem os "riscos (continuam) pesando". Entre eles, a evolução da demanda mundial e na zona do euro inferiores às projeções.
"Os países europeus continuam sofrendo uma demanda doméstica fraca, prejudicada pelo nível de desemprego, as baixas altas salariais e a pressão fiscal crescente. Consequentemente, não é preciso esperar nenhum apoio do mercado doméstico que deve simplesmente deixar de se contrair em 2014", explicou François Duhen, analista de CM-CIC Securities.
"Os estímulos ao crescimento deverão estar no resto do mundo e, sobre este ponto, a degradação das perspectivas de numerosos países emergentes terá consequências", observou.
Para o conjunto do ano 2013, os analistas interrogados pelo BCE estimam que a atividade na zona do euro se contrairá 0,6%. Em 2014, esperam uma alta de 0,9%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem previsões similares para os dois anos.
A Comissão Europeia, menos pessimista, previu na primavera (do hemisfério norte) uma queda do PIB de 0,4% este ano antes de uma clara recuperação em 2014, de 1,2%, para os 17 países da União Monetária.
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