Passados quatro anos, informa o vídeo acima, Dilma institucionalizou a descompostura. Quase todo dia repreende algum sabujo com status de ministro.
Os pitos que castigam assessores de baixa patente ficaram mais frequentes.
E foram incorporados aos alvos preferenciais funcionários emudecidos pelo medo da demissão.
Na primeira reunião do ministério, por exemplo, sobrou para o operador de teleprompter, equipamento acoplado à câmera que exibe o texto a ser lido por apresentadores de TV ou políticos que, em discursos de improviso, submetem os ouvintes e o idioma a selvagens sessões de tortura. “Gostaria… de falar pra vocês agora…”, claudica Dilma na largada do vídeo de 56 segundos.
A fisionomia crispada denuncia o desconforto da oradora.
Estaciona numa pausa e se dirige com rispidez a alguém situado à sua direita: “Podia passá mais rápido, por favor?”, ordena. Recomeça o falatório:
“Toda vez qui si tentô no Brasil… toda vez qui tentaram no Brasil disprestigiá o capital nacional tavam tentando, na verdade…”.
Outra escala em reticências.
Dilma olha para a direita, volta-se para a esquerda e rosna: “Bom, eu vô preferi lê, sabe?” A gravação é interrompida no meio da bronca.
Os dois episódios são irrelevantes se confrontados com os desastres políticos, administrativos e econômicos que transformaram Dilma Rousseff na mais desastrosa governante da história do Brasil, certo? Errado.
Conjugados, radiografam com perturbadora nitidez uma figura atormentada por defeitos de fabricação sem conserto. O poste de terninho aglutina e funde a rabujice congênita, a arrogância ancestral, a intolerância sem remédio, a invencível aversão pela autocrítica, o ressentimento que proíbe o sorriso, fora o resto.
A executiva enérgica só existiu nos palanques atulhados de vigaristas e na imaginação dos idiotas profissionais.
A Dilma real é a colecionadora de erros elementares, decisões desastrosas, monumentos à cretinice, escolhas imbecis, palavrórios absurdos e agressões à sensatez que jamais enxerga, admite ou reconhece.
A marcha rumo ao penhasco é atribuída a países, circunstâncias, situações, pessoas, fenômenos ou outra coisa qualquer que nem um governo nota 10 pode controlar.
A culpa é sempre dos outros. Até a troca do nome de uma cidade. Até as frases sem começo, meio e fim.
As grosserias endereçadas a digitadores de discursos ou operadores de teleprompter tornam ainda mais cinzento o retrato de Dilma.
A chefe que repreende ministros em conversas sem testemunhas guarda os pitos com plateia para soldados rasos.
A presidente que jura governar para os pobres reserva o sorriso de aeromoça aos corruptos de estimação e cúmplices do calibre de Graça Foster ou Erenice Guerra.
O país que presta saberá tratar sem clemência a mulher incapaz de mostrar compaixão por subordinados sem voz.
Ela é a síntese do bando que há 12 anos vem sangrando impiedosamente o Brasil.