Advogados da Odebrecht se reuniram com o ministro
da Justiça para questionar a legalidade de informações obtidas sobre
a empresa na Suíça
Ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo, o novo bombeiro do PT (Ueslei Marcelino/Reuters)
Com o intuito de conseguir munição para minar as
investigações da Operação Lava Jato no exterior, advogados da empreiteira
Odebrecht se reuniram com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para
saber se os procuradores da força-tarefa que investiga o esquema de corrupção
na Petrobras obtiveram provas na Suíça de maneira ilegal, informou o jornal Folha
de S. Paulo nesta sexta-feira.
A reunião ocorreu no gabinete do
ministro no dia 5 deste mês e consta na agenda pública de Cardozo.
Nesta
quinta-feira, ele admitiu que
tratou da Lava Jato com três advogados da empresa, o
diretor jurídico Mauricio Ferro, o constitucionalista Pedro Serrano e a
criminalista Dora Cavalcanti.
A defesa da Odebrecht suspeita que os procuradores
conseguiram informações bancárias da empreiteira no país europeu antes que o
Ministério da Justiça apresentasse às autoridades suíças um pedido de
colaboração.
Se isso for confirmado, a empresa poderá recorrer à Justiça para
anular as provas.
A legislação determina que informações coletadas em outros
países só podem ser usadas no Brasil após passar por trâmites legais
intermediados pelo Ministério.
LEIA TAMBÉM:
Após ouvir o questionamento dos advogados, o
ministro teria sugerido que formalizassem uma solicitação para obter mais
detalhes sobre a cooperação com a Suíça.
O Ministério ainda não respondeu ao
pedido.
Na mesma ocasião, a defesa também registrou em ata uma reclamação sobre
supostos vazamentos da investigação conduzida pela Polícia Federal do Paraná.
A petição contesta duas visitas dos procuradores à
Suíça, em novembro de 2014 e em janeiro deste ano.
"Não se sabe quando,
por quem, em que termos e por quais fundamentos tais diligências foram
autorizadas, e nem mesmo se houve prévia tramitação do indispensável pedido de
cooperação às autoridades suíças", escreveram os advogados.
A Procuradoria Geral da República disse estar
"tranquila" quanto à legalidade das provas obtidas na Suíça, pois as
duas viagens foram intermediadas pelo órgão central de cooperação internacional.
No país europeu, eles tiveram acesso a informações que julgaram ser úteis no
processo e fizeram pedidos formais ao Ministério para que as provas fossem
enviadas para o Brasil.
Após reportagem de
VEJA revelar que o ministro se lançou numa ofensiva para
acalmar as empreiteiras envolvidas no petrolão, Cardozo se defendeu nesta
quinta-feira, dizendo que "em nenhum momento tocou-se na possibilidade de
o governo ajudar a libertação de presos".
"Eu disse: 'me façam uma
representação que eu apuro'.
A quem eles tinham que dirigir essa representação.
Ao juiz? Não.
Ao Ministério da Justiça, porque a Polícia Federal está
subordinada ao Ministério da Justiça", completou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário