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Como a lista de Janot se transformou em lista de Fachin

Ministro do STF Edson Fachin mandou abrir inquéritos contra deputados, senadores, governadores e outros políticos relatados no documento chamado de Lista de Janot.

Temida por políticos, a "lista de Fachin", que estava sob sigilo até esta terça-feira, finalmente foi liberada pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin. 

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, nove ministros, três governadores, 29 senadores, 42 deputados, um ministro do Tribunal de Contas da União e outras 24 pessoas serão investigadas.

A relação decorre da chamada lista de Janot, de responsabilidade do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que organizou os cerca de 900 depoimentos prestados em regime de delação premiada por 78 executivos da construtora Odebrecht. Com base nos fatos narrados pelos delatores, Janot enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No Supremo, o documento se transformou em lista de Fachin, uma vez que as petições foram recebidas pelo relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin. 

Nesta terça-feira, após quase um mês de análise, ele determinou a abertura de inquérito.

Nos pedidos de inquérito, Fachin avaliou se há indícios suficientes para autorizar as investigações.

A partir da abertura de um inquérito, a Procuradoria-Geral da República começa a investigar formalmente os suspeitos, conduzindo diligências e tomando depoimentos.

Um hotel perto do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, foi o local do primeiro encontro em 2014 entre Marina Silva (Rede), então presidenciável pelo PSB, e Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da empreiteira.

Quem relata o encontro é Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira. 

O depoimento integra a delação do executivo à Lava Jato, divulgado na quarta-feira (12).

"A partir daí, houve uma conversa de Marcelo com ela, onde foram colocados posicionamento e valores -valores culturais, não monetários-, e estratégias", diz.

Alencar contou que, após as conversas, a empreiteira acertou doação de R$ 1,25 milhão à campanha, em recursos declarados à Justiça. 

"Não teve compromisso [com alguma contrapartida]. Nem Marcelo, nem eu [falamos disso]. Foi muito mais uma conversa de aproximação."

Ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino era responsável por acertar doações a políticos e a campanhas eleitorais.

Ele conta que, antes de 2010, a empresa "minimizava" os depósitos declarados para não chamar a atenção para o nome do grupo. 

Mas também relatou que o fato de a empresa passar a depositar às legendas em doações contabilizadas não acabou com a existência do caixa dois.

Em 2014, o executivo teve "atuação bem específica nas doações para as candidaturas da Presidência da República das duas candidatas", Marina Silva e Dilma Rousseff (PT). 

Marina não é investigada na Lava Jato. Dilma é alvo de inquérito em primeira instância.

Alencar trabalhou no repasse de R$ 7 milhões em doações legais à petista. 

Os investigadores questionaram a "diferença expressiva" em relação ao montante destinado a Marina.

Segundo Alencar, o "timing" explica a distância entre os valores, "pela história que aconteceu".

"O candidato era o [Eduardo] Campos, e teve esse fato [o acidente aéreo que o matou durante a campanha]. 

Com Dilma, as conversas já vinham acontecendo. 

Tinha um relacionamento, digamos, mais antigo."

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