Os astrónomos do Observatório Gemini no
Hawai tiraram a primeira fotografia do GB00234, agora rebatizado para C/2019 Q4
Borisov, um objeto que pode ser o segundo corpo celeste interestelar a entrar
no Sistema Solar.
A imagem mostra um objeto com uma
órbita hiperbólica, um núcleo brilhante, uma atmosfera difusa e uma cauda, tudo
características que adensam ainda mais a possibilidade de este ser o primeiro
cometa vindo de fora do Sistema Solar a visitar-nos.
De acordo com o comunicado do Observatório Gemini, “esta
é a primeira vez que um visitante interestelar do nosso Sistema Solar mostra
claramente uma cauda gerada por desgaseificação”, isto é, pela libertação de
gases à medida que o núcleo gelado dos cometas se aproxima do Sol e aquece.
Oumuamua, o primeiro objeto a visitar o
Sistema Solar e o único confirmado até agora, não tinha essa cauda, embora
tenha sido confundido com um cometa por causa da velocidade a que se deslocava.
Andrew Stephens, coordenador das
observações, explicou que “esta imagem foi possível por causa da capacidade dos
telescópios para ajustarem rapidamente as observações e olharem para objetos
como este, que têm uma janela de observação muito curta”. “Mas tivemos mesmo de
lutar por esta fotografia, porque os últimos detalhes que tínhamos eram das
3h00 e estávamos a fazer as observações às 4h45”, acrescenta.
Neste momento, C/2019 Q4 Borisov está a
400 milhões de quilómetros do Sol — mais de 2,5 vezes a distância entre a Terra
e a nossa estrela — e viaja a uma velocidade de 150 mil quilómetros por hora. À
medida que se aproxima do Sol, o cometa torna-se cada vez mais brilhante.
“Atualmente, está próximo da posição
aparente do Sol no nosso céu e, consequentemente, é difícil de observar devido
ao brilho do crepúsculo. O caminho hiperbólico do cometa levá-lo-á a condições
de observação mais favoráveis nos próximos meses”, garante o Observatório
Gemini.
C/2019 Q4 Borisov foi descoberto a 30
de agosto deste ano por Gennady Borisov, um astrónomo amador ucraniano do
Instituto Astronómico Robert Sternberg.
Na semana passada, a NASA emitiu um
comunicado a confirmar que “um cometa recém descoberto está a entusiasmar a
comunidade astronómica esta semana porque parece ter origens fora do Sistema
Solar”. A agência espacial norte-americana avança ainda que o cometa continua
mais longe do Sol do que a órbita de Marte. Só a 8 de dezembro chegará ao ponto
de maior aproximação ao Sol, em que ficará a 190 milhões de quilómetros da
nossa estrela — mais 40 milhões que a distância média entre a Terra e o Sol.
A importância do primeiro Oumuamua
reside no facto de ser o primeiro asteróide detetado que não vem do Sistema
Solar. A natureza do “Mensageiro das Estrelas” está rodeado de mistérios desde
o dia em que foi descoberto por astrónomos da
Universidade do Hawai, em outubro de 2017.
Depois de constatar mudanças na
velocidade do seu movimento, o Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian
sugeriu que o asteróide poderia ser uma “sonda” enviada à Terra intencionalmente
por uma “civilização alienígena”.
No último ano, o mundo da astronomia
debruçou-se no estudo do corpo celeste e as mais várias teorias já
foram apresentadas em artigos científicos: desde o seu passado violento,
passando pela possibilidade de ser um sistema binário, e até o provável local de
onde veio o Oumuamua.
Recentemente, investigadores da
Universidade de Harvard sugeriram que milhares de objetos semelhantes ao
Oumuamua podem estar presos no Sistema Solar.
Fonte: ZAP
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