Gebran nega habeas corpus de Lulinha e mantém investigação sobre
filho do ex-presidente em Curitiba
Desembargador, no entanto, sinalizou intenção de mudança do
processo no futuro para São Paulo ou Rio de Janeiro
Thiago Herdy
17/12/2019 - 19:19 / Atualizado em 17/12/2019
SÃO PAULO — O
relator da Lava-Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), João Pedro Gebran Neto, negou
nesta terça-feira habeas corpus apresentado pela defesa de Fábio Luiz Lula da
Silva, filho do ex-presidente Lula,
que pediu a retirada de Curitiba da investigação sobre a relação profissional
entre suas empresas e o grupo OI/Telemar.
Ainda
assim, em seu despacho, o desembargador registrou ter dúvidas sobre a
competência de Curitiba para julgar o caso, mas preferiu que a decisão sobre
este fato se desse por decisão colegiada, e não de forma monocrática, por meio
de habeas corpus.
"Embora
a tese defensiva se revista de plausibilidade, neste estágio inicial da investigação
não é possível reunir elementos suficientes para concluir antecipadamente pela
concessão da ordem até que se colha manifestação da autoridade coautora (no
caso, a Polícia Federal) e o Ministério Público Federal (MPF)", escreveu
Gebran no despacho.
Leia mais:Dos quatro filhos de Lula que já foram alvos de
investigação, apenas um responde a processo penal
O
magistrado disse entender ser necessário esclarecer, ainda, pontos importantes
da investigação, "para que se possa definir com precisão, diante de
eventual declinação de competência, qual o juízo de remessa". Entre os
pontos a serem esclarecidos e citados pelo magistrado estão "contratos
existentes, local de assinatura, local em que foram realizadas operações
financeiras e composições societárias".
Relembre:Todas as fases da Lava-Jato
Empresas
ligadas a Lulinha foram alvo de buscas e apreensões da Operação Mapa da Mina,
69ª fase da Lava Jato, há uma semana. De acordo com a tese investigatória, há
suspeita de que a Oi/Telemar, na época controlada pela Andrade Gutierrez, tenha
usado contratos com o Grupo Gol, do empresário Jonas Suassuna, para repassar
valores ao filho do ex-presidente Lula.
No
período analisado, a Oi pagou cerca de R$ 132 milhões ao grupo por meio de
contratos que agora são alvos de questionamento. A Lava-Jato também apura se o
pagamento de R$ 1 milhão para a compra de parte do sítio de Atibaia (SP),
usado pelo ex-presidente Lula, pode estar relacionado a vantagens indevidas
direcionadas à família do petista.
Se
o raciocínio de Gebran for seguido pelos outros colegas do TRF-4, o mais
provável é que a investigação sobre Lulinha seja posteriormente transferida
para o Rio de Janeiro (sede do Grupo Gol e da Oi/Telemar) ou São Paulo (sede
das empresas do filho do ex-presidente e também onde está o sítio de Atibaia).
No
despacho apresentado à Justiça, a defesa de Lulinha pediu que a investigação
fosse tirada de Curitiba sob a alegação de que o caso não tem vínculos com os
desvios da Petrobrás investigados pela Lava Jato.
"Com
a devida vênia, não vislumbro com a mesma nitidez a competência da 13.ª Vara
Federal de Curitiba para processamento do feito”, escreveu Gebran, ao falar
sobre o caso.
Para
ele, os elos entre a investigação sobre o filho de Lula e a Lava Jato no Paraná
aparentam serem frágeis: a natureza dos crimes investigados e a participação de
personagens comuns.
Fonte 'O GLOBO'.
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