Eric Breslow é um grande aficionado e coleccionador de tudo sobre a Tucker, tendo um vasto espólio em Los Angeles. Tudo foi reunido durante décadas, com várias horas perdidas na recolha e preservação de artigos da marca americana.
Para Eric, Preston Tucker foi um visionário na
época, com a ideia de produzir um automóvel que seria muito melhor que os “três
grandes”, obviamente falava da Ford, Chrysler e General Motors. Isto porque,
com o fim da Segunda Guerra Mundial as pessoas queriam algo novo, para fazer
esquecer o conflito e os automóveis Tucker eram tudo isso, inovadores em vários
aspectos, pois trazia cintos de segurança, tablier forrado, travões de disco,
motor montado na traseira, entre muitos outros. O automóvel era bastante
futurista, muito à frente do seu tempo e, possivelmente, foi essa a razão do
fracasso. A Tucker foi quase como a Tesla, mas em 1948.
Preston não era engenheiro, nem sequer era formado em nenhum curso superior, era apenas um aficionado por automóveis, que construía alguns automóveis de competição, principalmente para a Indy. Chegou a ser vendedor de automóveis usados e trabalhou para a General Motors e Ford. Preston estava focado em revolucionar o mundo automóvel e, inclusivamente, escolheu Chicago para construir a sua fábrica, porque queria ser a marca número um, utilizando uma antiga fábrica onde se produzia motores para aviões bombardeiros. Com isso, fez a maior fábrica dos Estados Unidos da América. Para o desenvolvimento do automóvel, Tucker teve um dos grandes nomes do design automóvel a seu lado, Alex Tremulis.
Ao todo foram produzidos cerca de 50 automóveis, mas todos eles podem ser considerados pré-produção, pois a produção propriamente dita nunca arrancou. Somente 30 Tucker foram produzidos quando a empresa fechou portas, os restantes foram produzidos pelos funcionários, com as peças que restaram. Muitos deles nem sequer foram acabados na época, só passado muito tempo, por exemplo, houve um exemplar que só foi montado nos anos 80. O Museu AACA, na Pensilvânia, tem vários registos da Tucker e todas as peças foram desenhadas e dimensionadas à escala, estando todas nesse arquivo.
Os motores utilizados nos Tucker eram de uma empresa designada de Air-Cooled Motors, que produzia motores em alumínio para helicópteros, mas estavam na falência. Preston ajudou-os e adaptou o motor para o poder utilizar no seu automóvel, convertendo o arrefecimento a ar para refrigeração líquida. O motor era um seis cilindros boxer, de 5,5 litros de cilindrada, debitando 166cv.
A Tucker esteve mesmo perto de se juntar aos Três Grandes, só precisava de mais uns meses para vingar e ganhar nome, pois até ali ninguém conhecia a marca, nem o fundador, e desse modo, não sabiam se poderia acreditar nas promessas.
Mas o maior problema foi alguém ter indiciado
Preston Tucker por crimes de fraude fiscal. O indício de crime foi que Preston
teve uma ideia diferente, ao invés de estar na lista de espera, o comprador
poderia adquirir um acessório para o seu automóvel e assim ser sorteado e poder
adquirir, no momento, um Tucker. Foi assim que foi levado a tribunal, pois
alegavam que ele estava a vender acessórios para automóveis que não existiam.
Assim, o tribunal forçou o encerramento da empresa, apreendendo todo o material
e documentos, deixando Preston Tucker sem poder desenvolver o seu sonho.
O exemplar que está neste museu é o número 31, foi
um dos seis de pré-produção, que Preston levou a Indianapolis e testou-os
durante uma semana na pista, provando que os seus automóveis eram fiáveis e
que, acima de tudo, existiam. Após a venda judicial da empresa, Preston
adquiriu este automóvel para seu próprio uso. Preston teve ainda na sua posse o
número 29, mas vendeu-o pouco tempo depois, ficando só com este. Após a morte
de Preston, em 1956, o número 31 fica parado muitos anos.
Foi então, que em 1960, Charles Pearson e a mulher de Preston escreveram uma biografia de Preston Tucker. Charles tinha um amigo da família que queria o Tucker e em 1962 adquire-o. Esse amigo era Jay Busker, que manteve o Tucker por mais de 50 anos. Quando Jay faleceu, os filhos queriam vender o Tucker a alguém que o preservasse, foi então que Eric o adquire, em 2009.
Parte da automobilia que Eric tem, também tem uma história. Quando Jay adquire o Tucker, a mulher de Preston disse para ele levar o que quisesse, levando várias peças, documentos e livros. Outras peças vieram de uma antiga concessão da Tucker, que estava fechada. É assim, que Eric mantém vivo todo o legado deixado por Preston Tucker na história do automóvel.
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