Foi o mais poderoso navio da sua época
em todo o mundo e era um autêntico senhor dos mares. Descubra a fantástica
história do Botafogo, o maior galeão português.
Portugal
dominou em tempos os mares com os seus imponentes navios, tendo um deles, o
“Botafogo”, ficado para a história pelo seu poder de fogo, impressionante para
a época. Esta embarcação era um galeão, que se distingue dos restantes navios
por ter quatro mastros, de alto bordo, armado em guerra, e que eram
frequentemente utilizados para transporte de cargas de alto valor, entre os
séculos XVI e XVIII.
O
galeão São João Batista, conhecido como o “Botafogo”, foi o navio de guerra
mais poderoso do mundo na sua época. Foi construído em 1534, tinha um
deslocamento de cerca de 1000 toneladas e estava armado com 366 bocas de fogo
de bronze, o que lhe dava um tremendo poder (e lhe deu também o seu nome
popular). Este navio destacou-se em inúmeras batalhas, entre elas a conquista
de Tunes, em que Carlos V solicitou apoio naval aos portugueses e requisitou
especificamente o “Botafogo”.
Nessa
batalha, o “Botafogo” foi comandado pelo infante D. Luís, irmão de D. João III
e cunhado do imperador Carlos V. Este navio liderou o ataque a Tunes e foi o
seu esporão que acabou por quebrar as correntes do porto de La Goleta,
permitindo que a armada cristã entrasse na cidade.
Ligado
à história e nome do galeão “Botafogo”, está um nobre da cidade de Elvas, João
Pereira de Sousa, famoso por ser o responsável pela artilharia do navio. Ficou
para a história com a alcunha de “Botafogo”, tendo a alcunha sido incluída no
seu apelido e passada aos seus descendentes. Mais tarde, esse nobre
estabeleceu-se no Brasil, tendo recebido da Coroa Portuguesa terras junto à
Baía de Guanabara, tendo a área ficado igualmente conhecida por “Botafogo”.
Com
a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, na sequência da primeira
invasão francesa a Portugal, o bairro de “Botafogo” mudou radicalmente,
passando de um bairro rural ao local preferido dos nobres, que aí construíram
as suas residências. É por essa razão que ainda hoje existe um famoso bairro
nobre da zona sul do Rio de Janeiro com
o nome de “Botafogo”.
Ainda
hoje, em alguns lugares da China, perto de Macau, existe uma velha lenda sobre
o poderoso navio Botafogo, que voltará do fundo do mar para vingar os
comerciantes portugueses assassinados. A Lenda surgiu quando os portugueses
derrotaram os temíveis piratas Singh, que eram inimigos do imperador chinês e,
como recompensa por esta vitória, o imperador permitiu que os portugueses
ocupassem Macau.
Mas
apesar de o Botafogo ter sido o mais famoso e o mais poderoso dos galeões
portugueses, existiram outros, construídos mais ou menos na mesma época, que em
quase nada lhe ficaram atrás: no tamanho, na capacidade de carga e no poder de
fogo. Afinal de contas, Portugal tinha um Império vastíssimo e precisava de um
conjunto enorme de navios (naus, caravelas e galeões) para proteger as suas
possessões e para transportar mercadorias.
Por ironia do destino, muitos dos melhores galões portugueses foram destruídos ao serviço de outro país: a Espanha. Aquando do domínio filipino, a Espanha envolveu-se numa guerra com a Inglaterra e resolveu formar a chamada “Invencível Armada” que era, na sua maioria, constituída por navios portugueses, entre os quais alguns galões. Como é do conhecimento geral, a Armada afinal não foi invencível. Muitos dos navios portugueses foram
destruídos, comprometendo assim seriamente o Império Marítimo Português, que ficou sem
forma de defender as suas cidades contra o ataque dos holandeses, por exemplo.
Para
suprimir a falta das naus e galões que foram destruídos na guerra da Espanha
contra Inglaterra, Portugal construiu 21 novos galeões. Muitos deles
desempenharam as suas funções durante bastante tempo. Outros duraram menos de
um ano: foram capturados por frotas inimigas ou naufragaram. Dos mais famosos
galeões portugueses, destacam-se os seguintes, para além do Botafogo:
Galeão
São Paulo: construído em 1589, pesava 500 toneladas e media 50 metros. Teve
como “irmãos gémeos” os galões São Filipe, São Bartolomeu, São Pantaleão e São
Pedro, todos construídos no mesmo ano. Fez apenas uma viagem até à Índia.
Naufragou no regresso a Portugal, provavelmente devido a excesso de carga.
Galeão
Santiago: construído em 1602, podia transportar até 300 pessoas e foi
incorporado na Carreira das Índias. Numa dessas viagens, já de regresso a
Portugal, o galeão parou na Ilha de Santa Helena para abastecer-se de água e
comida (como era hábito). Foi surpreendido por navios holandeses e capturado
pelos mesmo.
Galeão São Martinho: contruído em 1580, era um navio poderosíssimo e foi o escolhido para comandar a Invencível Armada. Ficou muito danificado durante a batalha mas conseguiu regressar a Portugal, comandando os restantes navios que sobreviveram ao embate. No entanto, nunca mais voltaria a navegar. Fonte: VortexMag |
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