Ann-Shirley Goodell encomendou o seu Chevrolet Corvette de 1962 a 15 de Janeiro desse mesmo ano, na King Chevrolet em Cincinnati, Ohio.
Este modelo custou-lhe 3747.58 dólares, já com as taxas legais e carta de condução incluída, pouco mais do que o seu vencimento anual como enfermeira.
Ann nasceu e cresceu em Trail, uma cidade no interior da Colômbia Britânica no Canadá. A licenciada em enfermagem tinha-se mudado para Ohio de forma a obter o seu diploma pós-graduação de curso e um emprego numa investigação no ramo da enfermagem.
O seu pai, que trabalhou durante 40 anos em fundição de metais na cidade de Trail, sugeriu que Ann comprasse um Oldsmobile novo, o mantivesse em seu nome durante dois anos e após isso o levasse para o Canadá para que o seu pai o pudesse adquirir, isto sem ter que pagar as dispendiosas taxas de importação.
No entanto, este Oldsmobile provou ser pouco fiável a nível de travagem, apresentando problemas constantes. Goodell sempre teve uma grande paixão pelo modelo Corvette, o que fez com que tenha dado um passo atrás e colocasse em práctica o seu plano de comprar o modelo americano, mas desta vez com o objectivo de o manter em seu nome de forma permanente.
O Oldsmobile custou-lhe 800 dólares no curto período de tempo em que esteve em seu nome. Tudo isto mudou após o seu Chevrolet Corvette C1 ter chegado a tempo da Primavera, momento em que Ann tratou de o conduzir diariamente, aproveitando-o ao máximo.
É neste ponto que a opinião dos apaixonados por automóveis clássicos diverge.
Existe o ponto de vista de que se deve manter um clássico em perfeito estado, salvaguardando-o de todos os elementos, enquanto que outros defendem que um automóvel clássico deve ser utilizado e aproveitado faça chuva, faça sol, pois foi com esse propósito que foi desenhado e criado.
O que é certo é que Ann utiliza o seu automóvel diariamente, acumulando nos últimos 50 anos um mínimo de 300 mil quilómetros.
Ann, agora administradora hospitalar, afirma conduzir todos os dias o seu Corvette, afirmando também que o único momento em que o automóvel fica parado mais do que um dia é nos momentos em que se desloca fora do país para fazer voluntariado em zonas desfavorecidas.
A administradora hospitalar mantém o seu automóvel numa garagem no centro da cidade, à frente do seu condomínio, o mesmo que partilha com o seu marido, Rob Goodell, com quem é casada há mais de 50 anos.
“Ele casou-se comigo por causa do meu Corvette, mas a única coisa com que ficou foi com as contas”, diz Ann com um sorriso no rosto.
Ann-Shirley utilizou o seu Chevrolet em todos os momentos em que teve oportunidade, antes de se casar, quando preencheu todo o espaço disponível no Corvette C1 com a sua roupa para o casamento e fez uma viagem de quase quatro mil quilómetros de volta para Trail, no dia da cerimónia, e até mesmo para a sua lua de mel, em Okanagan Valley.
Os seus dois filhos são tão apaixonados por este clássico como Ann-Shirley, tanto que ambos o conduziram no dia das suas cerimónias de graduação, não antes de o polirem até brilhar.
Hoje em dia, os seus dois netos, são tão fascinados por este automóvel como eram os seus filhos, e agora adoram ir em passeios com os seus pais.
Originalmente, o modelo era descapotável, no entanto, descobriu rapidamente que necessitava de colocar um tecto rígido para poder continuar a usufruir do seu Corvette, até mesmo durante o Inverno.
Não podemos julgar Ann quando nos diz que o tipo de condução que mais gosta é sem a capota, por isso, ela traz sempre consigo um chapéu de chuva a condizer com com a cor deste automóvel, que utiliza quando está parada no trânsito e começa a chover.
Ann comentou que todas as pessoas ficam maravilhadas quando lhes diz que é a proprietária original do Corvette, e que em todas as ocasiões que o leva para as ruas da Califórnia como descapotável é o momento em que mais propostas de compra surgem, mas Ann mantem-se firme na propriedade deste magnífico clássico.
É claro que, com uma utilização diária, algumas coisas menos boas já aconteceram, nomeadamente alguns acidentes, nenhum deles teve Ann como culpada, em que ela optou sempre por fazer a reparação do automóvel, mesmo quando lhe danificaram a frente após um condutor menos atento não ter cumprido um sinal de paragem obrigatória.
Com tudo isto, é compreensível que Ann-Shirley seja bastante protectora no que diz respeito ao seu automóvel, procurando sempre lugares de estacionamento afastados de outros, evitando também deixá-lo na rua à noite em sítios desconhecidos.
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