KABBALAH
Kabbalah (ou Cabalá) deriva do termo Caibalion, que
significa tradição ou preceito manifestados por um Ente de cima. Já
este deriva da raiz KBL (Kibel) que significa receber,
acolher. Se formos adaptar para os termos de hoje, seria uma canalização
vinda de planos elevados. Os estudantes da Cabalá fazem com a Torah exatamente
o que fiz com esta palavra. “Dissecam-na”, em busca da sua essência.
Torah significa ensinamento, lei. Constitui-se dos livros
que aqui no ocidente conhecemos por Velho Testamento. Mas, ao
contrário de algumas religiões que acreditam em cada palavra no seu sentido
literal, os cabalistas respeitam cada palavra do original
Hebraico, pois sabem que, mudando uma letra, a “chave” do CÓDIGO desaparece,
levando consigo o verdadeiro sentido espiritual POR TRÁS das palavras. Assim,
eles utilizam a Guematria, que é a obtenção do valor numérico de
cada palavra Hebraica que, na concepção dos Judeus, é dotada do poder Criador,
pois teria sido utilizada pelo Divino no ato da Criação.
Como exemplo simplificado da
Guematria podemos tomar as seguintes palavras:
Pai + Mãe = Filho, visto que AV (Pai,
numericamente equivalente a 3) + EM (Mãe, equiv. a 41) = YeLeD (Filho,
44)
Deus = Natureza, pois ELoHIM (86)
= HaTeVA (86)
Luz = Mistério -> OR (207) = RaZ (207)
Enfim, ser Cabalista e não saber Hebraico
é como ser surfista sem ter uma prancha.
Um exemplo simplificado do uso
prático da Cabalá é a interpretação que se faz do Bereshit (Livro
do Gênesis), que seria a descrição da descida da alma ao corpo denso, e
o Shemot (Êxodo) simbolizando o retorno à sua origem,
sendo a escravidão no Egito o confinamento da alma no corpo físico – por vezes
saudosa da sua origem, a Terra prometida – e ansiando por sua
libertação e retorno, mas também apegada de maneira censurável às “panelas de carne” do Egito, que equivaleriam
aos prazeres passageiros deste mundo.
É algo que pode acontecer ao
buscador: ao conseguir “Sair da Matrix” (a libertação), mesmo que por pouco
tempo, a primeira sensação é de euforia – por ter conseguido uma mudança na sua
vida – mas, com o tempo, advém a constatação de que a vida fora da sua
realidade habitual não é fácil.
Sobrevém então a desilusão, e a vontade de voltar para o conforto do lar –
a Matrix. Para os que estão
apegados ao mundo dos sentidos, a realidade é muito “chata”. Um exemplo são as
pessoas de hoje em dia que não conseguem ficar em silêncio por muito tempo. O
silêncio pode ser lindo e revelador, ao permitir que a nossa alma “fale”, mas,
para a maioria, ficar em silêncio é simplesmente maçante.
Outro exemplo são os 6 dias de Bereshit (Criação
do mundo) que, para os Cabalistas, NÃO SÃO dias de 24 horas, mas sim ERAS.
Cada Era pode ter levado milhares ou milhões de anos, não sabemos. Segundo o
calendário judaico, estamos no ano de 5.763 da 6ª Era, a Era Adâmica. O sétimo
dia (a “Era de ouro de Kalki”, para os hindus) ainda estaria por vir, e seria
conseqüência da vinda do Messias.
Portanto, se você acha uma perda de
tempo alguém estudar profundamente Adão e Eva, pense novamente.
A origem da Cabalá consiste em uma
história “mística” e uma “mundana”. De acordo com a primeira, Moisés recebeu os
ensinamentos esotéricos da Cabalá junto com os Dez Mandamentos, tendo sido
preservados em segredo por gerações e gerações. Os registros históricos da
Cabalá começam com os Judeus vivendo na Espanha no século XIII. Nesta época os
estudos Cabalísticos, baseados no material Judaico datando dos últimos séculos
antes de Cristo, sofreram um renascimento popular. A Cabalá tornou-se disponível
para os místicos cristãos, que rapidamente adotaram-na. Dois livros Cabalistas,
o Sephir Yetzirah (Livro da Criação) do Séc. II e o Zohar (Livro
do Esplendor) do Séc. XIII formaram a base de todos os ensinamentos
Cabalísticos subsequentes.
“Na busca
da sabedoria, o primeiro estágio é calar, o segundo é ouvir, o terceiro
memorizar, o quarto praticar, o quinto ensinar”
Rabi
Salomon Ibn Gabirol – Séc. XI – Espanha
Referência:
Iniciação à Cabalá – Tova Sender;
Você Sabia?;
The
Kabbalah unveiled – S. L. MacGregor Mathers. (Versão em português)
Obrigado a Levanah por me iniciar neste fascinante mundo de SOD.
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