Keila Cândido
Jovens das classes A e C comportam-se de um jeito muito parecido quando o assunto é escolher curso universitário. A ordem de prioridade é a seguinte:
Classe A
Direito, Administração, Engenharia, Comunicação, Psicologia e Medicina
Classe C
Administração, Direito, Pedagogia, Enfermagem, Educação Física e Comunicação
Mas a pesquisa, feita pelo Instituto Data Popular, revela algumas diferenças. Para o jovem da classe A, ter um diploma não é suficiente.
Ele pensa na faculdade como um passaporte para a construção de uma carreira no longo prazo. A seu favor, esse jovem tem a experiência familiar acumulada, de pais que fizeram faculdades boas e ruins, tomaram decisões de carreira bem e malsucedidas, criaram empresas, abriram consultórios.
Ele poderia escolher qualquer área, mas mostra preferência por Administração e Direito, provavelmente, porque são formações amplas, que mantêm abertas muitas possibilidades futuras de trabalho.
Na classe C, a verdadeira classe média brasileira, o jovem tem menor referencial para tomar decisões, uma vez que seus pais dificilmente chegaram à universidade.
Administração e Direito são os cursos mais procurados por ele, em parte, pelos mesmos motivos que orientam a classe A, mas aqui pesam muito mais outros fatores que não têm nada a ver com expectativas de futuro e pensamento de longo prazo, como o valor da mensalidade, o horário das aulas, o enorme volume de oferta de vagas desses dois cursos e a relativa facilidade de acesso.
O jovem da classe C, muitas vezes, quer apenas um diploma — qualquer um –, e rápido.
O jovem da classe C acaba pensando apenas a curto prazo e se arrisca a ter uma formação inadequada, com o tão sonhado diploma tendo pouco efeito na vida profissional e na ascensão financeira.
É interessante notar que, na classe A, aparece logo em terceiro lugar a preferência por Engenharia (embora predominem as carreiras de humanidades).
Na classe C, não há nem sinal de preferência por Engenharia, Matemática e outros cursos de exatas, mesmo no nível de tecnológo ou profissionalizante. E é justamente nessas áreas que o mercado de trabalho mais busca profissionais qualificados.
Além disso, nas carreiras de humanidades (Direito, Pedagogia, Comunicação etc.) a cultura geral do profissional pesa muito mais do que nas carreiras de exatas. Será que todos esses futuros advogados, educadores e comunicadores têm hábito de leitura?
Parece que, no Brasil, ainda vigoram o fetiche com o diploma universitário e o medo da matemática. Entre os jovens da classe A, esse fetiche e esse medo podem levar a alguma demora para encontrar emprego e a salários menores — probleminhas, que podem ser resolvidos com a ajuda da família em segurança financeira. E entre os jovens da classe C, quais serão as consequências?
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