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☼ A FINA FLOR DO SAL ☼

Empresa do Nordeste brasileiro produz os cristais que encantam os grandes mestres da culinária


por Janice Kiss
Os flocos surgem pela combinação de fatores naturais
Somente uma combinação harmoniosa entre marés, ventos, chuva e sol podem fazer "brotar" a flor de sal, ingrediente valorizado pela gastronomia moderna.
 

O produto é originário da primeira camada formada nas salinas, da espessura de uma unha, composta de pequenos cristais que estalam na língua e oferecem sabor perfumado aos pratos.

O mais valorizado do mundo é o "fleur de sel" francês obtido nas salinas de Guérande, na costa da região da Bretanha.

Há seis anos, porém, o mercado já recebe três toneladas anuais de um produto genuinamente brasileiro, ofertado pela Cimsal (Comércio e Indústria de Moagem e Refinação Santa Cecília Ltda.).

Em 2011, a empresa se prepara para exportar para seus concorrentes internacionais, como França e Portugal.

Segundo Roberto de Freitas, coordenador comercial da empresa, a Europa não tem como competir com a colheita nacional.
As salinas localizadas em Mossoró e Areia Branca, no oeste do Rio Grande do Norte, proporcionam uma safra de nove meses, só interrompida no inverno nordestino, que corresponde à estação das chuvas (a Europa apresenta apenas três meses de condições ideais). A coleta dos cristais de sal é manual, feita com pá de inox, durante o dia ou à noite.

A área de produção potiguar, de mil metros quadrados, conta com temperatura mínima de 34 ºC e ventos de até 22 quilômetros por hora, constantes durante o ano. "Sem essas condições, não tem produção", informa Roberto.

A extração está integrada a uma área de 3 mil hectares, parte dela explorada pela empresa na produção de sal comum, com 600 mil toneladas por ano, há três décadas e meia.

O estado fornece 95% desse produto, consumido em todo o país.

A obtenção do sal ocorre quando rios intermitentes estão repletos d'água (apenas na época das chuvas) e se misturam com o mar.

Desse encontro se dá o espraiamento, enchendo as várzeas e formando porções de água retidas em tanques.

Depois de alguns dias, a água evapora, deixando livres os cristais, que são limpos, secos, triturados e peneirados (no caso do produto tradicional). Mas a flor de sal requer um tratamento sofisticado.

A qualquer hora do dia ou da noite, quatro coletadores especializados precisam estar a postos para retirar os primeiros flocos irregulares e úmidos, que podem brotar a qualquer momento.

Eles são recolhidos apenas com pá de inox, com toda a delicadeza, escorridos em peneira e expostos para secar durante um dia inteiro.

Tudo é feito de forma artesanal, inclusive os processos de envase e rotulagem das embalagens de 150 gramas, que custam entre 30 e 35 reais e têm São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba como seus maiores mercados consumidores.

O preço dos importados gira em torno de 60 reais por unidade.

Roberto de Freitas, da Cimsal, esclarece que o produto extraído das salinas nordestinas recebe uma pequena pulverização de iodo (0,04 grama para cada quilo, no máximo) para atender à normas da Agência Nacional de Viligância Sanitária (Anvisa).

A exigência está ancorada na lei 6.150, de 1974, que regulamenta a produção de sal no país.

Essa adição tornou-se necessária pois, na década de 1950, existia uma incidência no país de quase 21% de bócio endêmico, popularmente conhecido como papo.

A carência de iodo prejudica a produção de hormônios da tireoide. Além disso, a falta desse elemento na alimentação também diminui a resistência a infecções e o equilíbrio de diversas funções no organismo. A flor de sal é originária da primeira camada que se forma sobre as salinas.

Há um ano e meio, chefs de cozinha brasileiros começaram a discutir se a flor deveria receber iodo, visto que ela o contém naturalmente – por sinal, o mesmo índice exigido pela Anvisa.

"O argumento é relevante, mas há uma lei ligada à saúde pública que estabelece uma quantidade extra.

Precisamos respeitá-la enquanto não houver alterações", explica Roberto de Freitas.

O sal é um dos mais antigos condimentos usados pelo homem. Além do sabor, ele é fundamental nos processos de conservação dos alimentos.

 No Brasil, é produto dos mais baratos, em torno de 1,50 real por quilo, mas nem sempre foi assim.

Ele já valeu feito ouro na época do Brasil Colônia (1530-1822), quando fazia parte dos itens que compunham os testamentos junto a outros bens preciosos das famílias abastadas da época.
 ▒▓███ JESUS CRISTO É O MEU SENHOR ███▓▒

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