A questão do desenvolvimento de um novo bombardeiro de longo alcance (PAK DA, na sigla em russo), que entre 2020 e 2030 irá substituir as aeronaves Tu-95MS e Tu-22M3 (os bombardeiros mais modernos Tu-160 permanecerão em operação), volta novamente a ser discutido na imprensa.
Segundo algumas fontes, a Força Aérea já determinou o perfil da nova máquina. Será uma aeronave subsónica de grande raio de ação e quase invisível. De acordo com dados da mídia, a aeronave está sendo desenvolvida pela empresa de construção aeronáutica Tupolev.
Cortina de fumo de secretismo
No entanto, é bem possível que a informação divulgada na imprensa não corresponda totalmente à verdade. Os militares e os serviços secretos russos sabem esconder seus verdadeiros planos de forma profissional. Alguns dados publicados na imprensa suscitam dúvidas entre os especialistas. Antes de mais nada, devido à situação atual da empresa Tupolev, que hoje, na opinião de muitos peritos, não está em condições de realizar por si só um desenvolvimento de tal nível. Portanto, conjetura-se que um dos participantes (e, possivelmente, o principal) da cooperação seja o Gabinete de Projetos Sukhoi.
A empresa possui experiência de desenvolvimento de aeronaves pesadas, ainda que bombardeiros de longo alcance desenvolvidos por ela não fossem colocados ao serviço.
Presume-se que o desenvolvimento do PAK DA possa basear-se no jato de quinta geração T-50 no âmbito do projeto PAK FA. Em particular, o bombardeiro pesado poderá ser dotado de quatro motores AL-41 (produto 129), semelhantes aos que serão instalados nos caças T-50 de fabricação em série.
O novo bombardeiro terá uma carga útil de armamento aproximadamente igual à dos aviões Tu-22М (até 20 toneladas). Graças aos motores econômicos de nova geração, seu alcance será próximo do do Tu-160.
Subsônico, supersônico, hipersônico?
Também não se deve tomar por garantido que a velocidade da nova máquina não exceda a velocidade do som.
Deve-se ter em conta que o novo bombardeiro irá substituir não só os Tu-95 estratégicos, mas também os bombardeiros Tu-22M de longo alcance, entre cujos objetivos está o combate antinavio. Para esta missão, a velocidade supersônica é absolutamente indispensável: a nova aeronave deverá ser capaz de vencer a defesa antiaérea dos navios do opositor e esquivar-se a ataques dos caças embarcados.
Ao mesmo tempo, a criação de uma aeronave hipersônica também parece quase inverosímil. A par de problemas tecnológicos no processo de desenvolvimento, tal teria um custo astronômico de fabricação. Devido a isso, sua produção em série (de 120 a 150 aviões) não será viável.
A Rússia herdou da URSS enorme experiência de desenvolvimento e operação de aviões supersônicos de longo alcance na Força Aérea e na aviação embarcada da Marinha. Portanto, tal solução caberia perfeitamente na lógica do desenvolvimento desse tipo de armas. Uma plataforma de longo alcance e velocidade supersônica será útil inclusive para a Marinha russa como aeronave de reconhecimento e determinação de alvos. A Marinha está apostando, como antes, no poder de fogo dos navios de superfície e submarinos porta-mísseis. Para estas embarcações, a existência de um "apontador" externo é um elemento criticamente importante.
Ainda é difícil dizer em que medida esses raciocínios correspondem ao modo de pensar dos chefes do Ministério da Defesa russo e da Corporação Unida de Construção Aeronáutica. No entanto, já há pouco tempo para conjeturas: a nova aeronave deverá decolar antes do fim deste decênio.
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