Máfia dos Auditores
Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário estadual Rodrigo Garcia, cedeu salas gratuitamente aos auditores fiscais da prefeitura suspeitos de fraudes
Felipe Frazão
Dinheiro apreendido no cofre (Divulgação)
O Ministério Público Estadual investiga o empresário Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia (DEM) por suspeita de lavagem de dinheiro. Marco Aurélio era locatário das cinco salas usadas pela quadrilha de auditores investigada por cobrança de propina e fraude no recolhimento do Imposto Sobre Serviços (ISS), que pode ter desviado até 500 milhões de reais da prefeitura paulistana.
Além do atual cargo no governo Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Garcia ocupou a pasta correspondente na prefeitura na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).
“Tenho uma evidência da prática de lavagem de dinheiro por parte do Marco Aurélio Garcia”, disse o promotor Roberto Bodini, que investiga a máfia dos auditores.
O MP encontrou 88 000 reais em dinheiro dentro de um cofre, apreendido no dia 30 de outubro, no escritório apelidado de “ninho” da corrupção, na região central da cidade. A suspeita é que o dinheiro pertença a Marco Aurélio, que cedeu as salas gratuitamente para o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronílson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe do esquema. Marco Aurélio nega que o dinheiro seja dele.
Segundo o promotor, documentos apreendidos indicam duas transferências bancárias de Ronilson, de cerca de 70 000 reais, para uma empresa de Marco Aurélio. Além disso, Marco Aurélio comprou três flats na Rua Bela Cintra, na região central, e os vendeu para Ronilson e os auditores investigados. A venda, no entanto, foi feita por meio de contratos de gaveta e os apartamentos não aparecem no nome dos auditores nos cartórios de registros de imóveis, mas no de Marco Aurélio.
Segundo Bodini, Marco Aurélio colaborou para “esconder” a compra de imóveis com dinheiro de propina dos auditores fiscais. O promotor apura se Marco Aurélio comprou os flats com dinheiro próprio e, na sequência, recebeu dinheiro obtido de forma ilegal pelos fiscais ou se já pagou com dinheiro direto da propina.
“Nós encontramos na documentação do Ronilson uma declaração, o chamado contrato de gaveta, do Marco Aurélio Garcia vendendo uma unidade para o Ronilson. E temos também transferência de dinheiro do Ronilson para a empresa do Marco Aurélio Garcia”, relatou Bodini. “Essa operação de compra e venda de imóvel com contrato de gaveta, somada à responsabilidade pela locação do escritório e à apreensão dessa quantia de dinheiro dão todos os elementos da prática de lavagem de dinheiro por parte do Marco Aurélio.”
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