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Petróleo Petrobras anuncia reajuste de 4% para gasolina e 8% para o diesel


Anúncio veio abaixo das expectativas de mercado; estatal afirma que quer alcançar "em prazo compatível" a convergência de preços com o exterior

Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, participa de audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara para falar sobre o plano de negócios da empresa
Graça Foster: anúncio sobre gatilho de preços gerou críticas no Ministério da Fazenda (Marcello Casal/Agência Brasil)
A Petrobras informou na tarde desta sexta-feira que decidiu reajustar os preços da gasolina nas bombas em 4% e o do diesel em 8%. Em fato relevante protocolado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a estatal afirmou que o objetivo do aumento é "assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem retornem aos limites estabelecidos no Plano de Negócios e Gestão 2013-2017". Os novos preços passam a vigorar, segundo o comunicado, a partir da meia-noite deste sábado.
A estatal informou ainda que tem a intenção de realizar "em prazo compatível" a convergência dos preços no Brasil com o mercado internacional, sem repassar a volatilidade do setor ao mercado doméstico.
A companhia não fez qualquer comentário sobre o plano de reajuste automático que foi enviado ao Conselho de Administração em meados de outubro pelas mãos da presidente da empresa, Graça Foster, mas afirmou que um novo plano de ajuste foi aprovado. O comunicado informa, no entanto, que "por razões comerciais" os parâmetros da metodologia de precificação dos combustíveis não serão compartilhados com o mercado. 
O reajuste veio abaixo das expectativas do mercado, que apontava para uma alta entre 5% e 6% para a gasolina e 10% para o diesel. O último reajuste de preços ocorreu em março, quando o diesel subiu 5% nas refinarias. Em janeiro, a Petrobras reajustou o diesel em 5,4% e a gasolina, em 6,6%.
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Conflito - O tema divide a equipe econômica e a direção da estatal. Causou irritação no Palácio do Planalto e no Ministério da Fazenda a opção da presidente da Petrobras, Graça Foster, de informar a investidores que a estatal vinha brigando por uma fórmula que assegurasse reajustes periódicos. O mercado vem "punindo" a empresa pela falta de clareza na política de preços e as ações chegaram a cair mais de 6% nesta semana. Quando a empresa anunciou que estudava um novo mecanismo (chamado de gatilho), as ações subiram 9,83%. No pregão desta sexta-feira, as ações chegaram a operar com alta de quase 6% devido às expectativas de reajuste.
Gatilho - Em outubro, a Petrobras submeteu ao seu Conselho de Administração uma nova política de preços que prevê reajustes automáticos e periódicos de combustíveis, conforme sua necessidade de alinhamento com os valores praticados no mercado internacional. A estatal informou ao mercado sobre a nova metodologia ao divulgar seu balanço trimestral. O lucro da empresa de junho a setembro ficou em 3,3 bilhões de reais.
Desta nova metodologia dependerão os investimentos da Petrobras ao longo dos próximos anos, sinalizou o próprio diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, ao afirmar que a política solicitada ao governo (sócio controlador da Petrobras) permitirá a implementação do plano de negócios da estatal. "O que estamos prevendo é que a nova política contemple a nossa previsibilidade e permita a implantação do plano de negócios que temos", afirmou Barbassa, referindo-se aos investimentos de 236,7 bilhões de dólares previstos de 2013 a 2017.
A atual política de preços da Petrobras, com reajustes esporádicos que não acompanham valores internacionais no curto prazo e provocam defasagem, está afetando a companhia num momento em que a empresa vem importando derivados para fazer frente ao crescimento do consumo brasileiro, principalmente por diesel. Segundo dados do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) levantados com exclusividade ao site de VEJA, a empresa perdeu 14 bilhões de reais entre janeiro e agosto ao absorver a defasagem de preços do petróleo no mercado internacional. "Temos uma política de preços amplamente conhecida que funcionou por muito tempo. Mas ultrapassamos os limites que nos auto-impusemos e, tendo em vista o programa de investimentos, achamos por bem a adequação à realidade e a redução da alavancagem", afirmou Barbassa, durante a conferência feita para analistas após os resultados.
Inflação - No início da semana, ao ser questionado por jornalistas sobre a nova fórmula de reajuste de preços, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a decisão não pode ser tomada "de improviso". Mantega disse ainda que o modelo não pode ser inflacionário. "A fórmula do reajuste não pode ser de improviso. É algo que tem que ser muito cauteloso para que se tenha uma metodologia que não seja inflacionária, que não indexe a economia", afirmou o ministro a jornalistas. "Quando (a fórmula) ficar pronta, será apresentada. Será uma decisão da diretoria (da Petrobras)", disse.
Mantega deixou claro que, apesar de reconhecer a necessidade de um plano que dê previsibilidade financeira à estatal no que se refere à oscilação de preços, se opõe a qualquer fórmula de reajuste automático que, segundo ele, pode causar indexação. "Estamos amadurecendo uma modalidade — não vou dizer nem uma fórmula — para eventual reajuste do combustível. Isso não pode ser uma indexação. Estamos trabalhando no Brasil para desindexar, para reduzir a inflação e não podemos ter um mecanismo dessa natureza", afirmou Mantega.
O medo do governo é que o indexador acabe virando uma referência para outros setores pedirem a inclusão do gatilho em sua política de preços. 
Por que o preço dos combustíveis terá de subir

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