Nome de Eloisa Samy está entre os 23 denunciados à Justiça por formação de quadrilha armada em investigação sobre protestos
Mascarado se prepara para lançar coquetel molotov, em protesto no Rio contra a Copa (Leo Correa)
A advogada Eloisa Samy, de 45 anos, cujo nome integra a lista de 23 denunciados à Justiça por formação de quadrilha armada em processo sobre vandalismo nos protestos no Rio de Janeiro, pediu asilo político ao Uruguai na tarde desta segunda-feira. Eloisa seguiu para o Consulado Geral do Uruguai no Rio de Janeiro, em Botafogo. A Polícia Militar chegou a procurar por ela no local, mas foi orientada a deixar o consulado. Com prisão preventiva decretada, a advogada é considerada foragida da polícia. Também está no local em busca de asilo David Paixão, outro dos procurados.
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Eloisa costuma defender manifestantes presos em protestos no Rio. Na denúncia encaminhada à Justiça, o promotor Luís Otávio Lopes diz que ela se aproximou dos outros ativistas como advogada, mas que depois teria participado dos atos violentos, "inclusive passando instruções aos ocasionais participantes, tendo sido vista ordenando o início de atos de violência". Ela também é acusada de prestar "apoio logístico" ao grupo, "inclusive cedendo sua residência para reuniões". Ela nega as acusações.
O advogado Rodrigo Mondego, que acompanha o caso, contou que os manifestantes estão tranquilos, almoçaram e estão sendo bem tratados pelos diplomatas uruguaios. "Eles aguardarão no consulado pelo salvo-conduto para ir para o Uruguai", afirmou Mondego. O Uruguai foi escolhido pelo "histórico de ser um país libertário e pelo presidente (José Mujica) ter sido preso político por mais de uma década". Cerca de vinte militantes estão em frente ao consulado prestando solidariedade aos ativistas denunciados.
Em vídeo de pouco mais de dois minutos divulgado na internet, ela afirma que é uma "perseguida política", criminalizada por sua "atuação na defesa por direito de manifestação". "Jamais cometi qualquer ato que infringisse a lei, mas estou sendo vítima das forças coercivas do Estado exatamente por defender pessoas que se ergueram e foram às ruas para protestar contra as ilegalidades cometidas por ele próprio. Quem atua na ilegalidade é o Estado. A democracia é regra e nos pertence".
Bombas - Relatório final do inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro que baseou denúncia aponta que os baderneiros planejavam ações com bombas para 13 de julho, data da final da Copa do Mundo no Maracanã. Trechos do documento foram divulgados na edição desta segunda-feira do jornal O Globo.
O inquérito se baseia em informações obtidas a partir do monitoramento de e-mails e telefonemas trocados pelos integrantes do grupo – e revela como os black blocs se organizavam de modo a fabricar e distribuir bombas e outros artefatos com o objetivo de ferir policiais. De acordo com o documento publicado pelo Globo, baderneiros escondiam bombas nos locais onde haveria protestos.
A investigação baseou a denúncia apresentada ao juiz Flávio Itabaiana e resultou na determinação da prisão preventiva dos 23 investigados. Conforme reportagem do site de VEJA, o promotor Luís Otávio Figueira Lopes descreveu que Sininho incitou manifestantes a incendiar o prédio da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, durante a ocupação do local por baderneiros no ano passado - o ato foi impedido por outros participantes do protesto.
Do grupo formalmente acusado neste processo, apenas cinco estavam presos na noite de sexta-feira: três desde o último sábado (Elisa Quadros, Camila Jourdan e Igor D'Icarahy) e dois desde fevereiro (Fábio Raposo e Caio Silva). Outros dezoito são considerados foragidos. Eles são acusados de participar da organização e realização de crimes durante protestos nos últimos meses e de planejar atos violentos para a final da Copa do Mundo no Brasil.
(Com Estadão Conteúdo)
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