Cientistas da Universidade Colúmbia descobriram que a toxina botulínica pode ser usada para reduzir o tamanho de tumores em pacientes com câncer de estômago
Uma aplicação de botox pode não ser simples questão de vaidade. A toxina botulínica, que elimina expressões e ameniza rugas, também pode ajudar a tratar o câncer de estômago. São as conclusões de um estudo conduzido por Timothy Wang, pesquisador do departamento de medicina da Universidade Colúmbia.
O câncer de estômago é o quinto tipo de câncer mais comum. Seu tratamento é doloroso e, frequentemente, ineficaz. A quimioterapia não basta para evitar que o tumor continue a crescer. Uma das formas de tratar o câncer consiste em danificar o nervo vago no ponto em que este chega ao estômago. O procedimento é chamado de vagotomia. Isso é feito porque o sistema nervoso influencia a forma como algumas células se comportam e pode estimular o desenvolvimento do tumor. Segundo Wang,um efeito parecido pode ser obtido por meio da aplicação de botox, eliminado a necessidade desse tratamento invasivo.
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O uso da toxina botulínica para fins médicos é antigo. Precede mesmo seu uso estético. Em 1980, um oftalmologista americano publicou um artigo defendendo seu uso no tratamento de estrabismo. Sua capacidade de fazer relaxar músculos também foi apontada, anos depois, como um trunfo no tratamento da rigidez muscular provocada por lesões no sistema nervoso. O time de Wang decidiu usa-la par inibir a ação nervosa. Uma das maneiras pelas quais os nervos estimulam o crescimento de tumores é através da liberação de sinais químicos. Ao penetrar nas células nervosas, a toxina botulínica impede que isso aconteça.
Os cientistas injetaram a toxina em ratos com câncer de estômago e compararam a evolução do tumor com aquela verificada em ratos que passaram por vagotomia. Os resultados foram equivalentes, com a vantagem de o procedimento com a toxina ser menos invasivo.
O método, no entanto, não se mostrou eficaz em casos de câncer em estágio avançado. Mas conseguiu diminuir o tamanho dos novos tumores que surgiam. O time de Wang experimentou associar as aplicações da toxina botulínica com a quimioterapia. Os tratamentos isolados não afetaram os novos tumores. Mas, juntos, os métodos diminuíram pela metade o tamanho dos tumores nascentes, se comparados com aqueles verificados em ratos que não receberam tratamento algum.
“Em pacientes em estágio avançado da doença, nos quais o médico não quer fazer uma cirurgia, é possível usar botox combinado com quimioterapia. As injeções podem ajudar a controlar o crescimento de futuros tumores e prolongar a vida”, disse Wang ao site da revistaNew Scientist.
RC
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