Papa: "Chamam-me de comunista, mas é Jesus que ama os pobres".

Published on novembro 24, 2014 by    ·  

Por Gian Guido Vecchi – Corriere della Sera | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com:  “Vamos repetir juntos do fundo do coração: nenhuma família sem-teto! Nenhum camponês sem-terra! Nenhum trabalhador sem direitos! Nenhuma pessoa sem a dignidade que dá o trabalho”. Na antiga sala do Sínodo está falando Francisco, “continuem com a vossa luta, caros irmãos e irmãs, faz bem a todos nós”, e a cena é sem precedentes.

Cento e cinquenta pessoas de oitenta países representando os “movimentos populares” do mundo inteiro, aqueles do Fórum Social, chegaram ao Vaticano para uma conferência sobre “Terra, teto e trabalho, as últimas chagas do planeta.

“Terra, teto e trabalho. É estranho, mas se eu falo disso, o Papa é um comunista”, sorri Francisco. “Não se compreende que o amor pelos pobres é o centro do Evangelho. Terra, casa e trabalho, aquilo para o qual vocês lutam, são direitos sagrados. Exigir tais coisas, de fato, não é algo estranho, é a doutrina social da Igreja”.

Muitos movimentos nasceram na América Latina, Bergoglio os conhece bem e seu discurso em espanhol parece ser o traço de uma encíclica social: “Vocês vieram trazer à presença de Deus, da Igreja e dos povos, uma realidade muitas vezes relegada ao silêncio: os pobres não apenas sofrem injustiça, mas também lutam contra ela”.

Desde seus tempos como cardeal em Buenos Aires, ele costumava ir ao encontro dos catadores de lixo vestidos de trapos, que à noite vasculhavam os depósitos de lixo, conversava com eles oferecendo-lhes seu chá de erva mate, os ajudava. O seu advogado na época, Juan Grabois, é um dos organizadores do encontro. Na platéia, como líder histórico dos “cocaleros”, senta-se o presidente boliviano, Evo Morales, que o Papa recebe durante a noite. Estão lá os “sem-terra” brasileiros [representados pelo sr. João Pedro Stédile, cujo "bem" que fazem ao povo brasileiro deve ser a luta armada, com inúmeras mortes no campo brasileiro, o vilipêndio da propriedade privada..., enfim, o crime!], os “indignados” da Espanha. Da Itália veio também a rede “Genuíno Clandestino ” e Leoncavallo, histórico centro social de Milão que elogia o Papa por ter “trazido o cristianismo de volta às suas origens.”

No geral, “aqui estão catadores de lixo, recicladores, vendedores ambulantes, alfaiates, artesãos, pescadores, camponeses, trabalhadores da construção, mineiros, trabalhadores, membros de cooperativas de todos os tipos e pessoas que realizam trabalhos mais comuns ” define o Papa: “Hoje eu quero unir a minha voz à deles e acompanhá-los em sua luta”. Enfrentar o escândalo da pobreza “não é uma ideologia”, diz Francisco, tem tudo a ver com a “solidariedade” que “em sentido profundo” significa “fazer história” e “lutar contra as causas estruturais da desigualdade”, fazer frente  “aos efeitos destrutivos do império do dinheiro”. Os pobres “não esperam de braços cruzados a ajuda de ONGs ou planos assistenciais”, articula: “Ponham os pés na lama e as mãos na carne. Tenham cheiro de bairro, de povo, de luta”.  Assim o Papa dispara sobre as falhas de “um sistema econômico centrado no deus do dinheiro”, da “grilagem”, da “pilhagem da natureza”, o “crime” da fome, da miséria daqueles que estão nas ruas e são chamados de “sem-teto”, o “excedente” da mão de obra. “Em geral, por trás de um eufemismo tem um delito”.

Francisco rejeita as “estratégias” para “cativar” os pobres e o assistencialismo. Os Movimentos “expressam a necessidade urgente de revitalizar as nossas democracias. É necessário que hajam “novas formas de participação” [no Brasil, ao menos o Congresso vetou tais iniciativas "novas" que, sob roupagem democrática, são, na realidade, totalitárias], de construir “com coragem, mas também inteligência, tenacidade, mas sem fanatismo, paixão, mas sem violência”.  A todos o Papa então presenteia com rosários feitos por artesãos e catadores de lixo. A indiferença: “O mundo se esqueceu de Deus Pai, tornou-se órfão porque O jogaram para um canto. Mas existem os movimentos populares, o “mundo melhor” esperado pelos pobres e pelos jóvens: “Que o vento se transforme em um furacão de esperança. Este é o meu desejo. “

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