Há cerca de 14 bilhões de anos, o universo de repente nasceu. Excelente notícia para a humanidade.
Eu não sei fazer essas contas (na verdade sei fazer muito poucas contas), mas fico perfeitamente feliz em aceitar os cálculos de quem sabe – os físicos, no caso. E mais feliz ainda em viver com o fato de que a física é uma ciência exata que acerta pra caramba – até quando chuta.
Mas, por mais que eu admire o caráter inquestionável das ciências exatas, matemáticos e físicos não sabem nos dizer o que estava acontecendo antes do Big Bang.
Ninguém sabe.
A má notícia é que quando um monte de gente não sabe de coisa alguma, passamos a acreditar (com mais ou menos fervor) em hipóteses.
Para Mark Beeson, professor de Política Internacional da Universidade da Austrália Ocidental, parece que existem duas possibilidades: ou a misteriosa matéria sempre existiu e, espontaneamente, explode de vez em quando (só pra dar uma sacudida nas coisas); ou pode existir algum tipo de força maior no universo (vamos chamá-la de “Deus” para o bem dessa argumentação) que fez/faz tudo acontecer e que acabou se tornando uma grande metáfora descontrolada.
Beeson, contudo, pensa que essas duas possibilidades são igualmente improváveis, já que se considera agnóstico.
Ser agnóstico é pior, melhor ou indiferente?
Isso é você quem tem decidir. Mas quando estiver pensando sobre esse assunto, vale a pena levar em consideração o ponto de vista desse professor.
Ser agnóstico pode parecer uma coisa terrível para alguns, só que é como Beeson pontua: você nunca vai ler sobre um agnóstico fortemente armado ameaçando pedestres aleatórios em nome de qualquer coisa.
Os ateus, ele continua, não são muito melhores, no entanto. Muitas vezes são verdadeiros crentes de um tipo diferente. Benson acha que eles são insuportavelmente presunçosos na melhor das hipóteses, e megalomaníacos homicidas na pior delas. E isso não é uma questão meramente de opinião. Os super-homens seculares que dirigiam a União Soviética, a Alemanha nazista ou a China de Mao são tristes exemplos que desencadearam um número absurdo de mortes e destruição.
Os fundamentalistas (de qualquer tipo) estão em cena por muito mais tempo e têm mais culpa no cartório, nesse quesito. O cristianismo, por sua vez, gostaria de ser a salvação, mas já foi a destruição, e hoje parece que ninguém mais leva essa doutrina a sério. É um rolo danado. Parece que não há nada mais a não ser guerras religiosas sem fim.
O fundamentalismo impera?
Por “fundamentalistas”, entenda verdadeiros fervorosos, ou pessoas que ainda não perceberam que as crenças a que eles tão zelosamente se agarram ainda tem uma base geográfica impressionante.
Será que o cristianismo faz sentido para a maioria dos americanos, por exemplo, ou o Islã para a maioria da população do Oriente Médio, por causa de alguma ressonância teológica transcendental? Mark Beeson acha que não.
Evidências de que Deus é um cara realmente preocupado com o tipo de religião de cada um parecem fracas – se é que existem. Se Deus existe, Ele, que por algum motivo é unanimemente entendido como um cara legal, não parece lá muito preocupado com o nosso destino.
O que Beeson quer dizer com isso é que sempre que alguém é salvo por alguma atrocidade, terremoto ou sobrevive em circunstâncias muito adversas, isso é tido como um “milagre”. Mas a realidade é que ainda estamos rotineiramente enviando dezenas de milhares de pessoas para o céu sem que o Cara Lá De Cima se preocupe muito com isso.
Deus na vida moderna
Uma das características distintivas da vida moderna é que se Deus existe, ele nos deixou um pouco mais livres. No Antigo Testamento, por outro lado, Ele era muito controlador, digamos assim. Sempre dava um jeito de ferir alguém (ou alguéns), reduzindo cidades inteiras às cinzas ou violando algumas das leis da física. É apenas uma coincidência que nossa compreensão de tais leis mudou, ou Deus também têm ido para um retiro e dado um tempo da gente?
Eu diria que é no mínimo surpreendente que o Islã radical se distingua por uma visão de mundo notavelmente medieval em que o pensamento crítico e individual são absurdamente desencorajados. A frase “um cego guiando outro” nunca pareceu mais apropriada. [science20]
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