Governo libera R$ 22,5 bilhões do compulsório para crédito
imobiliário
Conselho
Monetário Nacional alterou exigências relativas ao dinheiro que os bancos têm
de manter parado no BC para aumentar recursos para financiamentos
O governo anunciou novas
medidas para incentivar o crédito imobiliário e agrícola e compensar a falta de
recursos da caderneta de poupança.
Para isso, foram alteradas as exigências
relativas ao dinheiro que os bancos são obrigados a manter no Banco Central
(BC), o chamado depósito compulsório, com o objetivo de liberar cerca de 22,5
bilhões de reais para o financiamento imobiliário e 2,5 bilhões de reais para o
crédito agrícola.
A primeira medida favorece a Caixa, líder do crédito
imobiliário com quase 70%; a segunda, o Banco do Brasil, o primeiro do segmento
agrícola.
Assim como o crédito à casa própria, o rural também usa os recurso da
poupança como fonte.
A decisão de liberar parte dos depósitos compulsórios foi tomada
pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão que reúne o presidente do BC,
Alexandre Tombini, e os ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento,
Nelson Barbosa. Juntanto com as deliberações do conselho curador do Fundo
Garantidor de Tempo de Serviço (FGTS) nesta semana, vão ser injetados 31
bilhões de reais no setor imobiliário via financiamentos.
A quantia é
semelhante à saída recorde de recursos da poupança no primeiro quadrimestre,
quando os saques foram superiores aos depósitos em 30 bilhões de reais.
A medida entra em vigor a partir de 1º de junho, de acordo com o
diretor de política monetária do BC, Aldo Mendes.
Ao mesmo tempo, o BC aumentou
de 20% para 25% o compulsório sobre os depósitos a prazo, como o Certificado de
Depósito Bancário (CDB).
Com a elevação, a instituição espera enxugar do
mercado 25 bilhões de reais, a mesma quantidade que liberou para o crédito
imobiliário e rural.
Mendes garantiu, porém, que essa injeção de recursos extras não
vai implicar em aumento de liquidez.
"Temos de manter a coerência com
política monetária praticada neste momento", disse.
"No conjunto, as
medidas adotadas alcançam a neutralidade monetária", diz nota enviada pela
instituição na noite desta quinta-feira.
O CMN extinguiu a possibilidade que os bancos tinham de usar
outros tipos de títulos para cumprir a exigência, como cotas de fundo de investimento
imobiliário, cotas de fundos de investimento em direitos creditórios,
debêntures, carta garantia de CRI, entre outros.
Reflexos - De acordo com o especialista em investimento
do Orinvest, Mauro Calil, "o governo está preocupado com o desemprego na
construção civil, que demitiu 90 mil trabalhadores este ano, e com a
inflação", e, por isso, adotou essa medida com o intuito de estimular a
concessão de crédito. Calil ainda diz que o consumidor tem que se planejar
corretamente. "Isso porque os juros aumentaram, não houve diminuição
nessas taxas e os financiamentos são de longuíssimos prazos", explica.
"Essa é uma excelente sinalização de que o governo que está
preocupado com a situação da construção civil", comemorou o presidente da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins.
Segundo ele, as medidas já vão ter efeito no emprego.
(Da redação)
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