fêmeas em machos inofensivos Por: Gabriela Neri
Especialistas do Instituto Fralin de Ciências da Vida, da Universidade Virginia Tech, fizeram uma descoberta que pode ser a nova forma de combate à dengue.
Eles identificaram o gene responsável pela determinação do sexo nos mosquitos, nomeado como Nix, que antes estava oculto no genoma dos insetos.
Ao injetar o Nix em embriões, cientistas observaram que mais de dois terços dos mosquitos fêmeas desenvolveram genitais masculinos.
Já quando o Nix foi retirado de indivíduos adultos, por meio de uma edição do genoma dos mosquitos, os machos desenvolveram genitais femininos.
Popularmente conhecido como mosquito da dengue, o Aedes aegypti também é vetor de outras doenças graves, como febre amarela, febre zika e chicungunha.
São, porém, apenas as fêmeas da espécie que ameaçam a saúde, já que só elas precisam picar para conseguir sangue para o desenvolvimento dos ovos.
Assim, cientistas acreditam que um aumento na quantidade de machos, inofensivos, reduziria a transmissão de doenças.
Mas os pesquisadores ainda não sabem se o mosquito, mesmo modificado, continuará picando.
"Ainda não podemos firmar se é ou não a genitália masculina que os impede de picar.
Esperamos que, no futuro, quando inserirmos o gene Nix no genoma do mosquito fêmea, todas as células, incluindo as glândulas salivares, se tornem masculinas.
Assim, eles não terão as partes necessárias para a alimentação de sangue", contou Jake Zhijian Tu, professor de bioquímica no Instituto Fralin e um dos autores do estudo.
Em resumo, não vão mais picar e transmitir doenças.
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Só no Brasil, de janeiro a 9 de maio de 2015, o Ministério da Saúde relatou 846 000 casos de dengue, um aumento de 155% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo 207 vítimas fatais.
Para combater o Aedes aegypti, o país adotou algumas medidas, como a inserção de bactérias Wolbachia no genoma da espécie, para evitar o desenvolvimento da doença, e a liberação de mosquitos machos transgênicos que copulam com as fêmeas e produzem uma prole que não atinge a idade adulta.
Para Zhijan, o Brasil vem fazendo um ótimo trabalho.
"A liberação de mosquitos transgênicos é bem importante.
Esperamos que a nossa descoberta possa melhorar a eficiência. Queremos alcançar a plena conversão do sexo feminino para o masculino.
Nossa técnica é duas vezes mais rentável que as estratégias genéticas atuais, já que elas só utilizam metade dos mosquitos criados, pois as fêmeas são descartadas.
Além disso, o que fazemos agora, a separação de machos e fêmeas, é um processo caro e demorado", declarou o professor.
Originário da África, o Aedes Aegypti espalhou-se pelo mundo a bordo de navios durante as viagens no século XVIII.
Por ser bem adaptada aos ambientes urbanos e ser vetor de doenças sérias, a espécie é tratada como questão de saúde pública.
De acordo a Organização Mundial de Saúde, o número de casos de dengue vem aumentando nas últimas décadas: são 390 milhões de novas infecções por ano.
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