Postagem da senadora Mara Gabrilli: “De um lado, a primeira maratona que fiz na vida. Do outro, meus primeiros passos depois de 28 anos sem andar” (Reprodução: Instagram)
Parceria do Estado com empresa francesa vai trazer
um equipamento robótico para o Lucy Montoro de Fernandópolis; exoesqueleto vai
ajudar na reabilitação de pacientes com paraplegia
Joseane Teixeira Atualizado em 30 de maio de 2023
De maneira inédita, a região de Rio Preto vai receber, entre julho e agosto, um equipamento robótico supermoderno que representa esperança de autonomia para pacientes com lesão medular.
O exoesqueleto, desenvolvido pela empresa francesa Wandercraft, permite que pessoas com paraplegia e tetraplegia possam ficar de pé, caminhar e até realizar pequenas atividades.
Apenas duas unidades da tecnologia serão disponibilizadas ao Brasil.
Uma ficará
na USP, em São Paulo, e outra será entregue no Centro de Reabilitação Lucy
Montoro de Fernandópolis, graças a um acordo de cooperação entre o governo do
estado e a startup francesa.
O ortopedista traumatologista e fisiatra Flávio Benez, que é
diretor técnico do Lucy, em Fernandópolis, comemorou a escolha do centro para
apoiar, junto ao Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das
Clínicas da USP, o projeto de pesquisa sobre o desempenho do equipamento na
reabilitação motora.
“Todos os pacientes com dificuldade de marcha ou mobilidade reduzida poderão se beneficiar.
Não só a cidade de Fernandópolis foi
presenteada, mas os 52 municípios vinculados à nossa unidade, que atende a uma
população aproximada de 500 mil habitantes”, disse.
Para o especialista, a escolha da cidade para receber o
equipamento é o reconhecimento dos resultados obtidos pelo centro, administrado
pela Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto - Funfarme.
Durante o evento de anúncio da parceira pelo governo do estado,
Linamara Rizzo Battistella, presidente do conselho diretor do Instituto de
Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da USP, destacou que a
grande vantagem do exoesqueleto, em comparação com outros equipamentos, é a
possibilidade de ajuste ao corpo de qualquer pessoa, além de ser aproveitado no
tratamento fisioterapêutico de variadas condições que provocam limitações
motoras como lesões medulares, acidente vascular cerebral (AVC), Parkinson e
paralisia cerebral, por exemplo.
“Ele é muito leve e se adapta a pessoas de diferentes alturas e pesos.
Isso significa que eu não preciso ter um equipamento para cada um.
Dentro do centro de reabilitação, eu posso ter um equipamento que atinja vários
pacientes”, disse.
Recentemente, a senadora Mara Gabrilli, que é tetraplégica, vestiu o exoesqueleto e se entusiasmou com a experiência de ficar de pé e caminhar.
“Firmar essa parceria vai permitir o desenvolvimento de estudos e avaliações sobre o uso de exoesqueletos para auxiliar a movimentação de pacientes em reabilitação.
As ações são o primeiro passo para aprimorar nossa
reabilitação, investir em saúde, qualidade de vida, além de autoestima e
felicidade”, escreveu nas redes sociais.
Diretor
e paciente do Lucy
Governador Tarcísio de Freitas com Flávio
Benez, diretor técnico do Lucy em Fernandópolis (Reprodução/Redes sociais)
Até mesmo o diretor técnico do Lucy poderá se beneficiar da inovação tecnológica.
Em 2014, Flávio Benez sofreu um acidente em uma piscina e se tornou tetraplégico.
“Além de trabalhar no centro, sou também paciente.
O
que me permite compreender melhor as necessidades das pessoas assistidas e
humanizar o atendimento”, afirma.
O modelo de exoesqueleto robótico produzido pela Wandercraft possui um sistema que controla o centro de gravidade do usuário, impedindo que ele se desequilibre.
É possível também programar as atividades que serão
realizadas pela estrutura robótica, como levantar o paciente, marchar ou
estimular apenas alguns membros do corpo.
A partir da análise de desempenho do exoesqueleto, os
profissionais responsáveis pelo trabalho de reabilitação motora produzirão
relatórios que serão encaminhados à Wandercraft para aperfeiçoamento do
mecanismo.
“O governo de São Paulo vai investir o que for preciso para trazer essa experiência para mais pessoas e levar a Rede Lucy Montoro mais longe.
Nós temos uma grande responsabilidade e estamos cientes dos nossos
desafios”, disse o governador Tarcísio de Freitas no anúncio sobre a parceria.
(JT)
A
tecnologia
Equipamento durante teste na empresa que o
desenvolveu (Divulgação)
· Os exoesqueletos são estruturas “vestíveis” que ajudam no suporte e movimento
do corpo humano
· Eles já são vistos por
especialistas como aliados importantes na delicada recuperação de quem
sobrevive a um AVC, por exemplo
· É geralmente uma estrutura
mecânica dura com articulações que permitem o movimento do operador humano
Parceria
· O Governo do Estado de São Paulo,
por meio da Rede Lucy Montoro, e a empresa francesa Wandercraft fizeram
parceria para pesquisa científica e tecnológica com exoesqueletos robóticos
· O Centro Paralímpico Brasileiro
também participa do acordo de cooperação
· O acordo de cooperação vai
permitir o desenvolvimento de estudos e avaliações do uso do equipamento para
auxiliar a movimentação de pacientes em reabilitação
· O Lucy Montoro de Fernandópolis
vai receber o equipamento para utilizar no tratamento de seus pacientes
Como funciona
·
A pessoa “veste” o exoesqueleto
e, com o movimento do próprio corpo, o robô inicia a marcha
· O modelo conta com um sistema que
controla o centro de gravidade do usuário para dar maior equilíbrio
· Programado de acordo com os
objetivos do paciente, o robô pode se inclinar, sentar e levantar, andar de
frente, de costas e de lado, além de subir degraus
·
Uma das vantagens do equipamento
em relação a outros é a capacidade de ser adaptado para diferentes perfis de
pacientes
· No início da parceria, o robô
será destinado, especialmente, ao treinamento de pacientes com lesão medular,
Parkinson e AVC
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