Buracos nas ruas? Semáforos quebrados? Em breve, essas informações poderão ser enviadas para as prefeituras em tempo real - e é você quem avisará | |
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Todo cidadão já se deparou com problemas cotidianos que atrasam a vida: semáforos quebrados em cruzamentos acabam desacelerando o trânsito; buracos nas ruas causam engarrafamentos; árvores tombadas desviam o rumo de pedestres e veículos - pelo menos um desses "fenômenos" já aconteceu na sua vida, e você sabe o transtorno causado por eles.
Normalmente, a solução para esse tipo de problema é demorada, pois depende de ações muito específicas de empresas públicas, mas um colégio de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, apresentou na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia - a FEBRACE - um projeto que usa a internet para acelerar a burocracia governamental, fazendo com que o cidadão comum possa denunciar problemas em tempo real para seus representantes.
Segundo Luiz Pereira de Souza Filho, professor do curso técnico em Informática do Colégio Santa Catarina, a ideia do projeto nasceu com um dos alunos do grupo: em frente à sua residência, havia um buraco que impossibilitava o trânsito de automóveis e outros veículos.
Naturalmente, a família do aluno em questão tentou os canais de relacionamento com a prefeitura, além de reclamações direcionadas nas redes sociais, todos sem atenção ou resposta.
"Nós queríamos, antes, que as pessoas vissem a falta de atenção das autoridades em relação a esses problemas, então criamos o MOP - ou projeto Mapa Orgânico de Problemas", diz Pereira.
Basicamente, o MOP consiste em empregar a API do Google Maps usando marcadores com descritivos dos problemas. Pense da seguinte forma: sabe quando você procura um endereço qualquer no serviço do Google e ele aponta diversos marcadores? É mais ou menos a mesma coisa, salvo a diferença de que, no MOP, os marcadores estarão lá sem que você faça uma procura específica. Ao clicar em um marcador, uma caixa será aberta, mostrando o problema.
Entretanto, para usar o recurso, o usuário deve se cadastrar no sistema, informando nome completo, RG, CPF, telefone e e-mail, além de configurar uma senha.
"Na verdade, as versões anteriores do MOP pediam mais dados. Isso tudo é exigência das prefeituras, para constatar que a denúncia veio de um cidadão real e não um fake – sem falar que o feedback dos governos seria melhor direcionado", diz Pereira.
O professor diz ainda que o fato de pedir CPF e RG é uma medida necessária para dar mais credibilidade ao sistema: "até teria como tornar tudo livre, mas isso abre precedentes, como contas falsas criando marcações que não existem. Isso seria problemático, por exemplo, na hora de emitir estatísticas, como 'municípios com mais problemas' e afins.
Por isso, relatórios desse tipo não seriam fiéis à realidade e faria com que o projeto todo caísse em descrédito".
A principal ideia do MOP, hoje, segundo Pereira, é aproximar as autoridades da população através da internet. A cada denúncia feita por um cidadão, haverá um posicionamento das autoridades com a solução apresentada ou o encaminhamento ao setor responsável. "A ideia é que haja uma espécie de relatório que os governantes acessem ou integrem aos seus sistemas de chamados – uma API ou algo nesse nível.
Assim, eles teriam acesso à reclamação pública e respondê-la ou então encaminhá-la ao órgão correto. Nós já estamos em contato com a prefeitura de Novo Hamburgo e, atualmente, eles estão estudando como integrar o nosso banco de dados ao deles. Tudo indica que o processo vai caminhar ainda este ano, já que estamos em época de eleição".
Interessante é que os alunos, ao criarem o projeto, já o fizeram pensando na questão da mobilidade. Segundo o professor, as primeiras versões do MOP funcionavam apenas em desktops, mas atualizações mais recentes já são feitas para rodar em smartphones e tablets. Além disso, eles também estudam a possibilidade de upload de fotos. Atualmente, o acesso móvel é similar ao acesso via desktop, mas, dependendo da demanda, um aplicativo dedicado pode ser desenvolvido.
O MOP ainda se encontra em fase beta, mas um pré-registro já pode ser feito através do site oficial do projeto. O lançamento oficial será feito em maio. Hoje, apenas as cidades de São Paulo e Novo Hamburgo estão cadastradas no sistema, mas o professor Luiz Pereira diz que, até o lançamento, mais cidades estarão disponíveis.
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