Recentemente a Mirtesnet, rede social brasileira inspirada no Facebook, chamou a atenção dos internautas após virar notícia na TV Globo do Distrito Federal e no portal R7. O site, divulgado como sucesso no Brasil, contudo, não apresenta na prática as mesmas características apontadas.
O ex-publicitário Carlos Henrique do Nascimento, de 35 anos, morador do DF, é o fundador do Mirtesnet. Ele afirma ter atraído 930 mil usuários no Brasil e no mundo somente nos últimos três meses. Atualmente o site conta com 1,2 milhão de cadastrados e, segundo ele, tem pela frente um caminho ambicioso: tornar-se a maior rede social do país.
Ao analisar a ferramenta, que clona a interface do Facebook, a equipe doOlhar Digital constatou que muitos dos perfis não parecem ser verdadeiros. A maioria apresenta a mesma quantidade de amigos (190), nasceu na mesma data (1° de janeiro de 1996) e não tem post ou foto publicadas. Outros, que são poucos, interagem e sugerem melhorias para o projeto.
"Não sei dizer quantos usuários são ativos ou reais. Nos últimos meses tivemos um aumento enorme de pessoas, entre elas hackers", comenta Nascimento. "Não tenho conhecimento de informática e estou tentando descobrir como eliminar os perfis ‘fantasmas’ com a ajuda de meu único programador. A ideia é conseguir deletar os cadastrados inativos por mais de três meses", conta.
Outro ponto alarmante dentro da Mirtesnet é o excesso de conteúdo pornográfico. O desenvolvedor afirma que a criação do site, cujo nome homenageia a mulher Mirtes, se deu pela vontade de afastar o filho de oito anos da pornografia online. Ironicamente, segundo ele, a invasão de pessoas maliciosas tem atrapalhado os planos e contribuído para veiculação de obscenidades.
"É até cômico dizer que o objetivo inicial era proporcionar a meu filho um ambiente livre de pornografia, sendo que agora estamos sofrendo com isso. Mas estamos controlando estes conteúdos. Infelizmente não tenho equipe suficiente para me ajudar nesta varredura", justifica.
Em um rápido passeio pelo site, o Olhar Digital encontrou dezenas de fotos de mulheres nuas e seminuas, além de textos vulgares. Nascimento garante que ele, a família e alguns usuários fieis trabalham para combater a pornografia.
"Meu objetivo é conseguir mais anunciantes para contratar pessoas e driblar estes hackers, que já invadiram até meu perfil e o próprio site. Para pagar o servidor dedicado e um funcionário, tenho de tirar dinheiro do bolso", argumenta.
Nascimento diz que o Mirtesnet é apoiado por 15 anunciantes que pagam, em média, R$ 400 por propaganda. O custo com a contratação de um servidor para suportar a demanda de acessos é de R$ 780, sendo que a despesa com a rede ainda inclui o salário de um programador.
Pesquisas
No Google Trends, ferramenta de medição de interesse online, a Mirtesnet aparece atualmente muito bem cotada no ranking, com 100 pontos computados em abril deste ano. Porém, nos meses anteriores, a procura pelo termo foi ínfima, beirando os 7 pontos.
Como as matérias que inicialmente divulgaram a rede social foram veiculadas em março, mês que antecede o pico de pesquisas, conclui-se que o aumento do interesse se deve à disseminação do serviço, não ao crescimento orgânico.
Criador da Mirtesnet luta contra obscenidades para se tornar a maior rede social do Brasil | |
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