A Polícia Federal prende os donos e executivos de mais duas
empreiteiras, atinge o topo da cadeia de comando do esquema de corrupção da
Petrobras e está a um passo do ex-presidente Lula
Marcelo Odebrecht, presidente da
maior empreiteira do Brasil, deixa a Superintendência da Polícia Federal em São
Paulo, para ser conduzido, preso, a Curitiba: a Lava Jato chegou aos mais altos
suspeitos da frente empresarial do petrolão; é possível dar um passo a mais na
frente política
(Moacyr Lopes Júnior/Folhapress)
A partir das primeiras delações premiadas de Paulo
Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e do doleiro Alberto Yousseff, os
responsáveis pela Operação Lava-Jato se deram conta de que estavam lidando com
um caso que só ocorre uma vez na vida de um policial, de um promotor ou de um
juiz.
À medida que os depoimentos se sucediam e mais provas iam sendo
encontradas, o esquema foi tomando a forma de uma gigantesca operação
político-partidária e empresarial destinada a levantar fundos com contratos
espúrios de empresas com a Petrobras.
As raízes do esquema começaram a ficar
cada vez mais profundas, enquanto sua copa passava a abranger políticos
postados em galhos cada vez mais altos. Em abril, Carlos Fernandes de Lima, um
dos procuradores da Lava-Jato, disse em uma entrevista ao jornal O Estado de S.
Paulo que a investigação se tornara tão ampla que chegaria a "mares nunca
dantes navegados".
Na sexta-feira passada, a Lava-Jato aproou para praias
que pareciam inatingíveis, prendendo os presidentes das duas maiores
empreiteiras do Brasil - Marcelo Odebrecht, presidente e herdeiro da empresa
que leva seu sobrenome, e Otávio Azevedo, o principal executivo da Andrade
Gutierrez.
O nome da operação da Polícia Federal que fez as prisões não podia
ser mais ilustrativo das pretensões dos investigadores:
"Erga Omnes",
a expressão latina que significa "para todos" e nos tratados jurídicos
é usada para proclamar um dos pilares do sistema democrático que diz que
ninguém está acima da lei.
A Lava-Jato chegou ao topo? Não existe mais ninguém
acima da lei em seu radar investigativo? A resposta é não.
A operação chegou
aos mais altos suspeitos do braço empresarial do esquema que desviou cerca de 6
bilhões de reais dos cofres da Petrobras.
O braço político, acreditam os
investigadores, pode subir mais um degrau além do ocupado, por exemplo, por
João Vaccari, tesoureiro do PT, preso em Curitiba.
Os presos da semana passada
podem fornecer as informações que ainda faltam para que a lei identifique e
alcance quem comandava o braço político do esquema criminoso.
Quem permitia o
funcionamento de uma engrenagem que abastecia PT, PMDB e PP com dinheiro sujo.
Disse o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula: "A ideia é dar
um recado claro de que a lei vale para todos, não importa o tamanho da empresa,
seu destaque na sociedade, sua capacidade de influência e seu poder
econômico".
O juiz Sérgio Moro determinou a prisão de Marcelo
Odebrecht e Otávio Azevedo, os presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez,
por considerar que os dois capitaneavam o cartel de empresas que ganhava
contratos da Petrobras em troca do pagamento de propina a funcionários da
estatal e a políticos.
Em seu despacho, Moro registrou que delatores do
petrolão haviam dito que a Odebrecht pagara subornos no exterior por meio da
construtora Del Sur, sediada no Panamá.
A Odebrecht vinha negando ter relação
com a Del Sur. Moro também anotou a existência de um depósito feito pela
Odebrecht numa conta no exterior controlada por Pedro Barusco, o delator que
servia ao PT e prometeu devolver aos cofres públicos 100 milhões de dólares.
Moro determinou a prisão de outros cinco executivos, três da Odebrecht e dois
da Andrade Gutierrez, e expediu 38 mandados de busca e apreensão.
Resta apenas pegar a estrela principal no
firmamento governista.
Os procuradores e os delegados estão convictos de que a
estrela dava expediente no Palácio do Planalto.
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