matematica do impeachment
Min. Celso de Mello faz duras críticas a Lula
Publicado em 17 de mar de 2016
Um dia após a suspensão do sigilo das
interceptações telefônicas envolvendo Lula, e após tomar conhecimento da
acusação proferida pelo petista no sentido de que no Brasil haveria "uma
Suprema Corte totalmente acovardada", o Min. Celso de Mello criticou,
contundentemente, as imputações de Lula ao STF e a todo o Poder Judiciário.
Afirmou o Ministro:
“Os meios de comunicação revelaram, ontem, que conhecida figura política de
nosso País, em diálogo telefônico com terceira pessoa, ofendeu, gravemente, a
dignidade institucional do Poder Judiciário, imputando a este Tribunal a
grosseira e injusta qualificação de ser "uma Suprema Corte totalmente
acovardada"!
Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível
da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente
contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República,
reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não
conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e
irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela
atuação firme, justa, impessoal e isenta de Juízes livres e independentes, que
tanto honram a Magistratura brasileira e que não hesitarão, observados os
grandes princípios consagrados pelo regime democrático e respeitada a garantia
constitucional do devido processo legal, em fazer recair sobre aqueles
considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a
autoridade das leis criminais de nosso País!
A República, Senhor Presidente, além de não admitir privilégios, repudia a
outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos diferenciados
aos detentores do poder ou a quem quer que seja.
Por isso, Senhor Presidente, cumpre não desconhecer que o dogma da isonomia,
que constitui uma das mais expressivas virtudes republicanas, a todos iguala,
governantes e governados, sem qualquer distinção, indicando que ninguém,
absolutamente ninguém, está acima da autoridade das leis e da Constituição de
nosso País, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do Poder
jamais serão toleradas, e os agentes que as houverem praticado, posicionados,
ou não, nas culminâncias da hierarquia governamental, serão punidos por seu
Juiz natural na exata medida e na justa extensão de sua responsabilidade
criminal!
Esse, Senhor Presidente e Senhores Ministros, o registro que desejava
fazer."
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