Nós sempre
ouvimos que uma dieta de baixa gordura pode nos proteger de doenças cardíacas.
Mas uma nova pesquisa diz que essas diretrizes – que recomendam manter o
consumo de gordura em 30% ou menos das calorias diárias e gorduras saturadas em
10% ou menos – não foram apoiadas por pesquisas sólidas quando foram emitidas
pela primeira vez há décadas.
Os autores do relatório dizem até mesmo que este aconselhamento
dietético “nunca deveria ter sido feito”. Oficiais de saúde de EUA e Reino
Unido fizeram tais afirmações nas décadas de 70 e 80, mas, aparentemente, sem
nenhuma prova concreta.
“As evidências nunca estiveram lá”, critica James J. DiNicolantonio,
cientista pesquisador do Instituto do Coração Mid America São Lucas, em Kansas
City, nos EUA.
O novo relatório dá conta das preocupações de outros
especialistas não envolvidos no estudo, como Steven Nissen, presidente de
medicina cardiovascular da Clínica Cleveland, também nos EUA.
Ele diz que é
preciso haver uma grande mudança na forma como os médicos aconselham seus
pacientes em relação às dietas.
Com seus colegas, DiNicolantonio procurou bases de dados médicos para
encontrar estudos que levaram às recomendações.
Eles encontraram seis ensaios
clínicos relevantes que analisaram a relação entre gordura dietética, níveis de
colesterol e doenças cardíacas.
Os testes descobriram que comer uma dieta baixa em gorduras não reduz as
mortes por doença cardíaca ou qualquer outra causa, diz ele.
Em um caso, um
grupo que limitou a sua gordura saturada a 10% teve mais mortes por doenças
cardíacas e outras causas do que aqueles que não seguiram essa regra.
Os estudos incluíram mais de 2.400 pessoas, todos homens.
Não houve
diferença nas taxas de mortalidade entre os homens que comiam dietas de baixa
gordura e os que não.
Além disso, embora os homens que comiam menos gordura
apresentassem menor colesterol, eles não eram menos propensos a morrer de
doença cardíaca ou outras causas.
O relatório causou diversas reações na medicina. Vasan Ramachandran,
professor de medicina na Universidade de Boston e investigador principal do
Framingham Heart Study, lançado em 1948 para identificar fatores comuns que
levam a doenças cardíacas, defende que manter o colesterol baixo é importante.
“Enquanto o debate sobre as melhores abordagens dietéticas para a saúde do
coração está em curso, grandes estudos mostram que a redução do colesterol
reduz o risco de doença cardiovascular.
Cortar o colesterol com estatinas tem
beneficiado milhões”, acrescenta.
Mesmo se o relatório estiver certo ao apontar que faltam provas nas
pesquisas antigas, há evidências de uma ligação entre a gordura na dieta e
doenças cardíacas, adverte Rahul Bahl do Royal Berkshire NHS Foundation Trust,
no Reino Unido. Mas ele diz que a gordura saturada não é a única vilã.
“Alguns
dados mostram que os carboidratos devem compartilhar parte da culpa”, aponta.
“Estamos geneticamente projetados para comer gordura e gordura saturada
animal”, diz DiNicolantonio. Mas ele recomenda comer alimentos integrais e
fazer exercícios físicos para ajudar o próprio corpo.
“Tente chegar e se manter
em um peso ideal, seja usando uma dieta com poucos carboidratos ou com baixo
teor de gordura.
Quando você manter um peso saudável e fazer exercícios físicos
regularmente, ajudará a minimizar o seu risco de doença cardíaca”, diz. [WebMD]
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