O discurso de Jair Bolsonaro foi forte: disse que o Brasil se
encontrava ameaçado pelo socialismo, atacou a corrupção que assolava o país nos
governos petistas, com elogio explícito a Sergio Moro, e a criminalidade que
vicejou nos governos anteriores e que começa a diminuir no seu primeiro ano de
mandato. Partiu para cima do regime venezuelano, do Foro de São Paulo, da ação
cubana na América do Sul e do ambientalismo manipulado por uma visão
colonialista, nas suas palavras.
O presidente afirmou que a Amazônia não está em chamas, ao
contrário do que diz a mídiainternacional“sensacionalista”, e criticou a
tentativa de tolher a soberania brasileira na região, sem citar o francês
Emmanuel Macron. Atacou o cacique Raoni, queridinho na Europa, dizendo que ele não
é o único representante dos povos indígenas, e leu uma carta assinada por
representantes de 52 tribos que pediam desenvolvimento econômico nas reservas e
legitimavam a índia Ysani Kalapalo, que integra a comitiva brasileira como
representante dos indígenas brasileiros. Bolsonaro também reforçou o
compromisso do Brasil com o livre-comércio e o respeito a acordos
internacionais, que disse pretender multiplicar. Ele defendeu a democracia de
expressão e informação, apesar de ter atacado a mídia e, bem antes, defender
indiretamente o regime de 1964, o que era dispensável.
Na última parte, agradeceu a Deus por estar vivo depois de ser
esfaqueado por um militante de esquerda, criticou a perseguição de caráter
religioso e foi “terrivelmente evangélico”, ao atacar transversalmente a
chamada ideologia de gênero e defender os valores da família tradicional (é um
conservador, não esqueçamos).
Ao fim e ao cabo, goste-se ou não (boa parte da imprensa não
gostará), Bolsonaro finalmente fez um discurso de estadista — sem deixar de ser
Bolsonaro, claro.
Assista ao discurso:
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