BIOLOGA DA FAMERP EM RIO PRETO DESENVOLVE COM SUCESSO TÉCNICA NA A REMISSÃO DE COLANGIOCARCINOMA "TIPO DE CÂNCER RARO"

 

Maria Clara Jéssica Calastri é mestre e doutora em Ciências da Saúde pela Famerp (Johnny Torres 3/5/2023)

Estudo da Famerp é esperança de cura de câncer agressivo

Desenvolvida por doutoranda da Faculdade de Medicina de Rio Preto, pesquisa gerou remissão de tumor nas vias biliares, tipo de câncer com alta taxa de mortalidade.

Joseane Teixeira Publicado em 3 de maio de 2023 às 20:44

Atualizado em 4 de maio de 2023 às 08:47

Uma pesquisa científica desenvolvida na Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp) apresentou resultados surpreendentes na remissão do colangiocarcinoma, tipo de tumor considerado raro, mas agressivo, caracterizado pelo crescimento de células cancerosas nas vias biliares. 

Em dez anos, a doença foi responsável por 692 internações em Rio Preto e 186 mortes, o que corresponde a 27% do total.

Desenvolvido pela bióloga Maria Clara Jéssica Calastri, que é mestre e doutora em Ciências da Saúde pela Famerp, o trabalho inédito pode representar o mais eficiente tratamento contra esse tipo de câncer até o momento. 


A descoberta rendeu à pesquisadora o convite para apresentar o estudo na 2ª Conferência de Ciência e Terapia do Câncer, que começa no dia 15 de maio em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.


“Pesquisadores da Universidade de Coimbra, em Portugal, descobriram receptores que captam iodo e colocam dentro da célula. 


Esses receptores são muito encontrados na tireoide, por isso o câncer nessa região é um dos mais fáceis de tratar. Recentemente, eles descobriram que esses receptores também estão presentes na vesícula biliar. 


Por meio da parceria que mantemos com a Unicamp, nós tratamos células doentes da vesícula em laboratório com o iodo 131, que é o mesmo aplicado em tumores de tireoide. 


O resultado foi excelente. Todos os marcadores moleculares identificados no colangiocarcinoma diminuíram quando expostos a essa nova radioterapia”, explica Calastri.


A tese de doutorado da bióloga, sob a coordenação da professora Doroteia Rossi Silva Souza, foi publicada no Asian Pacific Journal of Cancer Prevention, periódico asiático especializado em pesquisas sobre prevenção e tratamento de câncer.


Foi após a divulgação de parte do estudo que surgiu o convite para apresentar as evidências na conferência internacional.


“Não existe pesquisa no mundo sobre esse tipo de tumor com os marcadores moleculares que testamos. Trata-se de um tipo de câncer que, em geral, os pacientes têm apenas um ano de sobrevida, porque os tratamentos disponíveis são pouco eficazes”, justifica a pesquisadora.


O próximo passo da pesquisa é a testagem em animais, procedimento obrigatório antes do teste em humanos, o que requer financiamento.


Recentemente, um grupo de pesquisadores da Famerp tentou realizar a testagem em ratos, na Universidade de Coimbra, mas não conseguiu, por meio de técnica aplicada, inserir as células cancerígenas na vesícula do animal, porque ela é muito pequena.


Para dar continuidade ao trabalho, Calastri está tentando obter verba por meio de bolsa no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Ela viaja na próxima semana para os Emirados Árabes com passagem comprada pela Famerp e hospedagem garantida pela organização da conferência.


Números


Dados do Datasus mostram que no ano passado, o tumor provocou 2.784 internações e 688 mortes no Estado de São Paulo. Em Rio Preto, foram 64 internações e 28 óbitos.


A doença


Colangiocarcinoma ou câncer de vesícula biliar e vias biliares

·         Câncer nos tubos delgados que transportam o fluido digestivo bílis pelo fígado

·         É uma forma rara, mas agressiva de câncer

·         Os sintomas incluem icterícia (pele e olhos amarelados), coceira intensa na pele e fezes brancas

·         O tratamento pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia

Casos e mortes

Estado

·         6,4 mil mortes em dez anos

·         27.261 internações em dez anos

·         688 mortes no ano passado

·         2.784 internações no ano passado

Rio Preto

·         186 mortes em dez anos

·         692 internações em dez anos

·         28 mortes no ano passado

·         64 internações no ano passado

https://www.diariodaregiao.com.br/cidades/saude/estudo-da-famerp-e-esperanca-de-cura-de-cancer-agressivo-1.1234139

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