amoraes
Nada passa incólume pelo olhar da publicitária carioca Thalita Carvalho. Da sem graça lata de sardinha à mesinha detonada pelo cupim, ela enxerga potencial em tudo. E transforma o que estava desenganado – muitas vezes na lata de lixo ou jogado ao relento – em objetos de design. E design bacanudo.
Suas criações (surpreendentes) foram parar na internet. Thalita ensina no blog Casa de Colorir o passo a passo do que costuma chamar de "projetinhos". Conta como quebrou a cabeça para criar uma mesa de fitas beta que iam para o lixo do trabalho. Ou como fez seu próprio espelho com cara de camarim por míseros R$ 2,50. A narrativa é bem humorada. As fotos e vídeos são bem editados – e te pegam de primeira.
Apesar do tema mulherzinha, o blog não se trata de um grande oba oba. Thalita é exigente. Para ter certeza de que seus "projetinhos" ficaram bons, faz uma avaliação fria e dura. Começa de novo se o produto ficou com cara de trabalho escolar. E tudo que sai da cachola criativa vai parar num canto ou na parede de sua própria casa. É a prova cabal de que, sim, a empreitada deu certo.
O treino de encontrar a beleza onde ninguém a enxerga começou na infância. Seus brinquedos nunca mantinham a aparência original. Sempre exibiam uma fitinha ou um adesivo diferente. No ano passado, Thalita ganhou um prato cheio para suas criações: um apartamento para chamar de seu. E para colocar tudo que lhe dá na telha. Aos 27 anos e morando sozinha, ela perdeu completamente o limite (no bom sentido da coisa). Não tem uma semana que seu cantinho não muda de cara.VEJA►►
Deixar o apartamento mais estiloso está longe de ser seu objetivo de vida. Ao botar a mão na massa, Thalita diz querer inspirar outras pessoas. Mostrar que trabalhar com objetos do lixo não significa ter uma casa cheia de entulhos. É uma forma de decorar com personalidade – e sem usar mais recursos do planeta. É bom para o meio ambiente. Para a auto-estima. E, claro, para o bolso.
Época – O que te encanta no lixo?
Thalita Carvalho – As infinitas possibilidades de trazer de volta à vida objetos considerados inúteis por muita gente. Encontro verdadeiros tesouros no lixo. Como diria a Estamira [personagem do documentário Estamira, do Marcos Prado, que trabalhou por mais de 20 anos no lixão de Gramacho], aquele lixo todo é composto por resto e descuido. Muita gente joga muita coisa boa fora, por simples descuido, visão ou conhecimento de como aquilo pode ser reaproveitado.
Thalita Carvalho – As infinitas possibilidades de trazer de volta à vida objetos considerados inúteis por muita gente. Encontro verdadeiros tesouros no lixo. Como diria a Estamira [personagem do documentário Estamira, do Marcos Prado, que trabalhou por mais de 20 anos no lixão de Gramacho], aquele lixo todo é composto por resto e descuido. Muita gente joga muita coisa boa fora, por simples descuido, visão ou conhecimento de como aquilo pode ser reaproveitado.
Época – Se eu te der um monte de matéria-prima novinha em folha, acha que vai conseguir criar como faz com o lixo?
Thalita – Sim, sem sombra de dúvidas. E talvez até com menos trabalho de limpar, recuperar… Mas a graça e a beleza não estão aí. A graça está justamente em reaproveitar o descartado, em trazê-lo de volta à utilidade e mais bonito e não gerar mais descarte, mais acúmulo de lixo.
Thalita – Sim, sem sombra de dúvidas. E talvez até com menos trabalho de limpar, recuperar… Mas a graça e a beleza não estão aí. A graça está justamente em reaproveitar o descartado, em trazê-lo de volta à utilidade e mais bonito e não gerar mais descarte, mais acúmulo de lixo.
Época – De que maneira você contribui para um planeta melhor com suas criações?
Thalita – Acredito (ou pelo menos espero que sim) que minhas criações ajudam as pessoas a treinarem o olhar pro lixo. A prestarem atenção no que pode ser reaproveitado e, o mais importante, enxergar beleza nisso. Quero mostrar que, trabalhar com objetos do lixo não significa ter uma casa feia e cheia de entulhos. Pelo contrário! Quero mostrar que, com criatividade, boa vontade e paciência, o céu é o limite para deixar a sua casa com a sua cara. Dinheiro e destreza são elementos secundários nesse processo.
Thalita – Acredito (ou pelo menos espero que sim) que minhas criações ajudam as pessoas a treinarem o olhar pro lixo. A prestarem atenção no que pode ser reaproveitado e, o mais importante, enxergar beleza nisso. Quero mostrar que, trabalhar com objetos do lixo não significa ter uma casa feia e cheia de entulhos. Pelo contrário! Quero mostrar que, com criatividade, boa vontade e paciência, o céu é o limite para deixar a sua casa com a sua cara. Dinheiro e destreza são elementos secundários nesse processo.
Época – Já pensou no que significa esta sua obsessão por lixo num sentido mais filosófico?
Thalita – Já… e muito [rs]… Desde pequena eu sempre tive uma fixação por deixar tudo mais bonito, mais colorido. Sempre gostei de inventar coisas. E, quando fui morar sozinha, essa foi a maneira de unir minhas idéias com a falta de dinheiro para decorar a casinha.
Época – As pessoas deveriam repensar o consumo?
Thalita – Eu faço questão, em todos os meus projetos, de mostrar a reutilização de objetos descartados. Quando não uso objetos achados no lixo, dou preferência por produzir as peças por conta própria, evitando esse consumismo desenfreado. Essa semana, vou lançar uma campanha lá no blog: Nunca compre aquilo que você pode fazer melhor (mesmo que dê trabalho).
Thalita – Já… e muito [rs]… Desde pequena eu sempre tive uma fixação por deixar tudo mais bonito, mais colorido. Sempre gostei de inventar coisas. E, quando fui morar sozinha, essa foi a maneira de unir minhas idéias com a falta de dinheiro para decorar a casinha.
Época – As pessoas deveriam repensar o consumo?
Thalita – Eu faço questão, em todos os meus projetos, de mostrar a reutilização de objetos descartados. Quando não uso objetos achados no lixo, dou preferência por produzir as peças por conta própria, evitando esse consumismo desenfreado. Essa semana, vou lançar uma campanha lá no blog: Nunca compre aquilo que você pode fazer melhor (mesmo que dê trabalho).
Época – Você recomenda que pessoas desastradas (como eu!) se arrisquem nessas transformações?
Thalita – Eu duvido que você seja mais desastrada que eu! O segredo é ter paciência, parar para fazer um projetinho naquele dia que você está cheia de boa vontade, sabe? Caso contrário, a chance de você fazer besteira é enorme. Eu sou assim, nos dias que tô sem paciência, paro, guardo o projeto e retomo novamente num dia melhor.
Thalita – Eu duvido que você seja mais desastrada que eu! O segredo é ter paciência, parar para fazer um projetinho naquele dia que você está cheia de boa vontade, sabe? Caso contrário, a chance de você fazer besteira é enorme. Eu sou assim, nos dias que tô sem paciência, paro, guardo o projeto e retomo novamente num dia melhor.
Época – Alguém já te chamou de rainha da sucata?!
Thalita – Hoje? Ainda não [rs]… Mas quase todo dia me chamam sim! Aqui no trabalho, tem dias que eu chego e tem um lixinho "transformável" na minha mesa para que eu faça algum projetinho!
Thalita – Hoje? Ainda não [rs]… Mas quase todo dia me chamam sim! Aqui no trabalho, tem dias que eu chego e tem um lixinho "transformável" na minha mesa para que eu faça algum projetinho!
Não é só Thalita que tem boas ideias para o lixo. Há poucos dias, nós aqui do Blog do Planeta contamos a história da estilista Camila Blanke, que transforma restos de peixes em luminárias, bolsas e anel de guardanapo. E você? Já deu uma nova vida ao resíduo de casa? Conte sua história pra gente!
(Aline Ribeiro)
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