☼Oposição quer investigação de Palocci☼

 Oposição quer investigação de aumento de patrimônio de Palocci
Extraído de: Reuters Brasil  - 
BRASÍLIA (Reuters) - A oposição quer esclarecimentos sobre o crescimento do patrimônio do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e vai tentar convocá-lo para dar explicações na Câmara dos Deputados ou até pedir que o Ministério Público investigue a possibilidade de enriquecimento ilícito.
"Vamos dar um prazo para que ele se explique até amanhã (terça). Caso contrário, vamos entrar com um pedido de investigação por enriquecimento ilícito no Ministério Público", disse o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), que considera insuficientes as explicações dadas até agora. VEJA MAIS SOBRE ESTA VERGONHA►►
Segundo o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), o que ficou definido foi o pedido de explicações do ministro à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

Mas Torres avalia que dificilmente a oposição conseguirá aprovar um requerimento para chamar Palocci ao Congresso e, por isso, aposta na linha da investigação criminal para esclarecer as denúncias.

O ministro foi alvo de acusações, publicadas na edição de domingo pelo jornal Folha de S.Paulo, de que seu patrimônio teria aumentado 20 vezes desde 2006.
Em nota, Palocci afirmou que sua "evolução patrimonial, pessoa física, consta de sua declaração de renda".

Já a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu nesta segunda-feira que o crescimento patrimonial do ministro não será investigado.

"Não há no momento o que apurar... Não cabe à Comissão indagar como cada ministro chegou ao patrimônio que revela ao tomar posse", disse a jornalistas o presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence, após reunião do grupo no Palácio do Planalto.

Segundo uma fonte do Planalto, que pediu para não ser identificada, o ministro não deve dar explicações adicionais à nota divulgada. Sobre a possibilidade de comparecer à comissão da Câmara, a fonte disse que o ministro só se pronunciará se o convite for aprovado.
Palocci é visto pelo mercado financeiro como um grande defensor da estabilidade fiscal e das políticas econômicas ortodoxas no governo da presidente Dilma Rousseff.

Além da posição que ocupa de ministro da Casa Civil, Palocci mantém uma relação próxima com a presidente, o que o tornou uma figura influente no governo.

Segundo a fonte, a presidente já foi informada sobre as acusações e disse para o ministro "ficar tranquilo".

A ordem na Casa Civil é trabalhar normalmente e esperar a poeira baixar sem dar combustível para a oposição e, com isso, tentar fazer o assunto cair no esquecimento.
Para o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, do ponto de vista formal a nota esclarece, mas como o ministro é um homem público espera-se que ele esclareça "quais os ganhos que a empresa teve".

"Tem que mostrar de onde veio o dinheiro", afirmou.
O ministro Palocci esclareceu na nota que a empresa Projeto, citada na reportagem, foi aberta em 2006 para prestar serviços de consultoria econômico-financeira, atividade que realizou até 2010. "Em dezembro último, as atividades de consultoria foram encerradas por força da função ministerial a que se dedica hoje", disse na nota.

O jornal não acusou Palocci diretamente de corrupção, mas forneceu amplos detalhes sobre o rápido crescimento de seu patrimônio durante seu mandato na Câmara dos Deputados.
O ministro, segundo o jornal, comprou dois imóveis por meio da empresa Projeto. Um apartamento em São Paulo de 6,6 milhões de reais e uma sala comercial de 882 mil reais, ambos adquiridos antes de assumir o cargo no governo Dilma.

Em 2006, Palocci também enfrentou turbulências políticas e deixou o governo após ser envolvido na denúncia de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
Sua situação ficou insustentável depois que o caseiro testemunhou em uma CPI afirmando que Palocci frequentava a chamada casa do lobby, ou República de Ribeirão Preto. A casa, em Brasília, frequentada por ex-assessores, era apontada como local de organização de lobby junto ao governo federal.

Mesmo assim, o ex-ministro se candidatou à Câmara e foi eleito. No Congresso, tentou manter a discrição e presidiu a Comissão Especial da Reforma Tributária. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal livrou Palocci de processo sobre a violação.
No ano passado, o ministro desistiu de concorrer à reeleição parlamentar para se dedicar à coordenação da campanha de Dilma.
(Por Jeferson Ribeiro, com reportagem de Brian Winter em São Paulo)
Autor: (Por Jeferson Ribeiro, com reportagem de Brian Winter em São Paulo)
 

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