☺Dilma decide demitir Nelson Jobim após novas críticas dele ao governo


Críticas e demissão
Dilma decide que vai demitir Jobim quando ele voltar da Colômbia
RIO - A presidente Dilma Rousseff já decidiu demitir o ministro da Defesa, Nelson Jobim, depois das declarações dele à revista "Piauí" , que chegará às bancas nesta sexta-feira. Na reportagem, em afirmação atribuída a Jobim, há a consideração de que a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é "muito fraquinha" e que Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, "nem sequer conhece Brasília". No Planalto, já se admite a demissão ainda hoje. Dilma vai ter uma conversa definitiva com Jobim, que já está voltando de viagem oficial de Tabatinga, na fronteira do Amazonas com a Colômbia - a viagem foi antecipada por conta da repercussão das declarações. Em nota, o ministro da Defesa negou os comentários publicados, mas a presidente firmou convicção de que não dá para manter Jobim no governo após a leitura da íntegra da reportagem. Dilma convocou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que está com Jobim em viagem oficial, para reunião de emergência na sexta-feira. Cardozo e o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) são os mais cotados para assumir o cargo.
A demissão foi decidida hoje de manhã em reunião de Dilma com Ideli, Gleisi, a ministra de Comunicação Social, Helena Chagas, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e Gilles Azevedo, assessor pessoal de Dilma. O trecho da reportagem da "Piauí" em que Jobim critica as ministras foi antecipado pela colunista Monica Bergamo, na "Folha de S. Paulo" . Segundo o jornal, o ministro da Defesa também atacou o governo no debate sobre o fim do sigilo eterno de documentos. "É muita trapalhada", disse.
Segundo assessores, a presidente ficou especialmente incomodada com a informação sobre a conversa que ambos tiveram quando Jobim decidiu convidar José Genoino para assessorá-lo na Defesa. Dilma teria perguntado se Genoino seria útil no ministério e, segundo a reportagem, Jobim respondeu: "Quem sabe se ele pode ou não ser útil sou eu".
" Eu acho até que não combina com a ministra Ideli, porque a Ideli é até bem gordinha, não é bem fraquinha "
A presidente também considerou uma agressão gratuita o comentário de Jobim sobre as ministras Ideli e Gleisi. Em entrevista a um programa da "Folha" e do UOL, Ideli considerou "desnecessárias" as declarações do colega e disse que ele "deveria se conter um pouquinho".
Nelson Jobim nega declarações
Em nota divulgada pelo Ministério da Defesa , na tarde desta quinta, Nelson Jobim negou ter feito críticas à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e a outros integrantes do governo, publicadas em reportagem da revista "Piauí". A nota diz que informações veiculadas na imprensa a repeito das declarações são "parte de um jogo de intrigas" para tentar desestabilizá-lo. O comunicado também usa o condicional para referir-se ao conteúdo da reportagem: "as supostas críticas de Jobim à sua companheira de governo teriam sido feitas à revista Piauí".
De acordo com o texto emitido pelo ministério, "Jobim afirmou que tem auxiliado Ideli Salvati nas articulações no Senado com o objetivo de aprovar o projeto de lei em tramitação que trata do acesso a informações públicas. Ele elogiou a ministra de Relações Institucionais e também negou ter feito qualquer comentário depreciativo em relação a outros membros do governo".
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não criticou abertamente as declarações de Jobim. Na tentativa de consertar o estrago do ministro, Sarney acabou piorando a situação. . 

- Eu não li ainda essas declarações, mas o que posso dizer é que o ministro Jobim é um homem muito experiente, muito equilibrado. Jamais faria comentário qualquer que pudesse atingir as pessoas ou pudesse atingir o governo. Eu acho até que esta [declaração] não combina com a ministra Ideli porque a Ideli é até bem gordinha, não é bem fraquinha - afirmou Sarney.
Petistas consideram que ministro quer sair do governo
As declarações irritaram os petistas reunidos nesta quinta-feira no Rio para o encontro da executiva nacional do partido. O líder do PT no Senado, Humberto Costa, afirmou que Jobim deu mostras de que quer deixar o governo.
- Foi uma declaração infeliz gerando constrangimento para o governo e para a base de apoio. A impressão que dá é que ele está querendo sair - disse o senador, ex-ministro do governo Lula.
Já o secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), disse que os petistas não "perderiam tempo" discutindo a situação do ministro.
- Ele não é dirigente do PMDB, aliás, ele acaba constrangendo seu partido. Essa é uma questão (as declarações do ministro) que está mais para o PMDB do que para o PT responder.
No Senado, a fala de Jobim não foi bem recebida . Para o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), o ministro externou seu lado machista:
- As declarações do ministro se excederam e trazem um eco de machismo que não cabe nem no momento da nossa evolução social. A ministra Dilma foi eleita presidente por um público majoritariamente feminino. E ela representa não só as delicadezas da alma feminina, mas também as resistências morais e de caráter da mulher brasileira.
Na avaliação do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), Jobim estaria fazendo provocações.
- A sensação que fico é a de que o ministro está fazendo provocações. E isso é péssimo - afirmou.
Jobim viajou para Tabatinga, no Amazonas, para a assinatura de um acordo para a criação da Comissão Binacional Fronteiriça (Combifron) e a adoção do Plano Binacional de Segurança Fronteiriça. Segundo a agenda, o ministro deixará a base do Cachimbo, no Amazonas, às 20h30m. No avião que o levou de São Gabriel da Cachoeira, também no Amazonas, a Tabatinga, Jobim leu a nota da colunista da "Folha" e teria comentado com assessores que nem se lembrava mais disso, já que a entrevista à "Piauí" ocorreu um mês atrás.
Na semana passada, o ministro da defesa também provocou polêmica após dizer que tinha votado em Serra em 2010. A declaração provocou reação dos petistas e desconforto com Dilma. O ex-presidente Lula defendeu Jobim ,cuja situação no governo se complica a cada dia. O ministro da Defesa será o segundo apoiado expressamente pelo ex-presidente a ser demitido por Dilma. O primeiro foi Alfredo Nascimento, que deixou o Ministério dos Transportes no fim de julho.

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