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Novo Volkswagen Jetta: sem temer a luta Versão 2,0L flex impulsiona o Volkswagen Jetta a entrar forte na disputa dos sedãs médios no Brasil
Texto: Rodrigo Machado – Auto Press Fotos: Pedro Paulo Figueiredo – Carta Z Notícias
(16-08-11) – O segmento dos sedãs médios no Brasil sempre foi um dos nichos mais valorizados pelos fabricantes de automóveis. Por aqui, eles são praticamente carros de luxo, com boa imagem, além de conseguirem gerar boas margens de lucros para as marcas. E a Volkswagen tinha problemas nessa categoria. No mercado nacional, a marca nunca teve um representante de peso – tinha um investimento maior no médio-grande Passat. Para reverter o quadro, a Volks lançou em abril a nova geração do Jetta, com duas versões bastante diferentes, mas com o objetivo traçado de voltar a abocanhar uma fatia significativa do segmento. E a configuração 2,0L 8V Comfortline é a que melhor expressa o atual foco mercadológico, pelo seu preço competitivo dentro do segmento.
A reposta do mercado mostrou que a aposta da Volkswagen deu certo. Três meses depois do lançamento, o Jetta já acumulou mais de 4.200 vendas totais, o que significa uma média de cerca de 1.400 carros/mês.
Em abril, foram 1.013 unidades vendidas; em maio, o pico de 1.744 exemplares e em junho, o Jetta fechou em 1.622 – seguindo a ligeira baixa do mercado em geral. Se for computado apenas o mês de junho, o modelo da Volks conseguiu a terceira colocação do segmento. Ainda bem atrás das 4.131 unidades do líder Corolla, mas apenas 21 unidades atrás do Honda Civic – uma marca significativa.
Como não podia ser diferente, a principal responsável pelo bom desempenho de vendas da nova geração do sedã médio da marca alemã é a versão com preço mais baixo. Com preços saindo de R$ 65.755, essa configuração responde por 74% das vendas do Jetta. O valor cobrado é estratégico. Ele fica exatamente no meio caminho entre o bom custo/benefício da dupla Renault Fluence e Peugeot 408 – que saem por cerca de R$ 59 mil –, e a tradição de Toyota Corolla e Honda Civic – vendidos na faixa dos R$ 67 mil.
O que não fica na média dos rivais é o propulsor que equipa o Jetta Comfortline. Sob o capô está um defasado 2,0L 8V flex, semelhante ao que equipa o Golf nacional. Ele gera 120 cv de potência a 5 mil rpm e 18,4 kgfm de torque a 4 mil rotações com etanol no tanque. É pouco quando comparado aos modernos motores dos rivais, que geram potência na faixa dos 140 cv e torque superior aos 20 kgfm. Ao menos, a opção de câmbio automática é moderna – que adiciona mais R$ 5 mil na conta final. O Tiptronic de seis velocidades com opção de trocas manuais pela própria alavanca ou pelas borboletas atrás do volante – igual ao do Golf Comfortline. No resto da mecânica, o Jetta básico não surpreende. A suspensão dianteira é McPherson enquanto que a traseira é por eixo de torção. A topo de linha, Highline ganha um conjunto mais moderno, com suspensão traseira independente do tipo Multilink. Além disso, nesse caso, o Jetta chega quase como um esportivo, graças ao motor 2,0L TFSI de 200 cv, transmissão DSG de dupla embreagem. Com esses atributos, o modelo vai a R$ 89.250.
Apesar de fichas técnicas – e propostas – bastante distintas, ambas as versões do Jetta tem quase o mesmo visual – criado pelos irmãos brasileiros José e Marcos Pavone. Por fora, só a logo com a motorização denuncia qual é qual. O desenho ficou atualizado em relação a atual proposta de design da Volkswagen. A dianteira, portanto, conta com os faróis retos, grade com dois frisos horizontais cromados e capô com vincos em forma de “V”. Outro destaque é o para-choque, que conta com uma parte bastante pronunciada e lembra os spoilers de carros de corrida. Na lateral, pouca ousadia. O Jetta conta com uma linha de cintura reta e apenas um ressalto pronunciado na base das portas. A parte posterior é outra que não traz grandes novidades. As lanternas têm cortes retos e a saída dupla de escape é padrão nas duas versões do sedã.
De série, o Jetta Comfortline vem equipado com ar-condicionado automático, direção hidráulica, trio elétrico, ABS, airbag duplo, bancos dianteiros com ajuste de altura, faróis de neblina, rodas de liga leve de 16 polegadas, rádio/CD/MP3, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro. A marca alemã ainda oferece como opcional as rodas de 17 polegadas, ar-condicionado dual zone, bancos de couro, teto solar elétrico e rádio com tela touch screen. Atributos essenciais para superar a dura e variada concorrência e posicionar a Volkswagen num lugar de respeito entre os sedãs médios.
Instantâneas
# Essa é a sexta geração do Jetta no mundo. O modelo é produzido desde 1979.
# O Jetta Variant da quinta geração ainda é vendido no Brasil por R$ 85.990. O conjunto mecânico é o mesmo do sedã da quinta geração e conta com um motor 2.5 de cinco cilindros e 170 cv de potência.
# Em alguns mercados do mundo, como a Argentina, o Jetta é vendido com o nome de Vento.
# A Volkswagen pretende lançar na Europa uma versão esportiva do modelo, o Jetta R, com um motor V6 que leve o sedã a 100 km/h em cerca de 5,5 segundos.
Ponto a ponto
Desempenho – Graças ao comedido motor 2,0L 8V, o desempenho do Jetta Comfortline não é dos mais animadores. Os 120 cv de potência a apenas 5 mil rpm parecem pouco para mover os 1.311 kg do sedã. Além disso, o torque de 18,4 kgfm também é insuficiente para dar um comportamento mais agressivo ao modelo. Ao menos, o câmbio automático Tiptronic consegue tirar o máximo do motor e dar alguma vitalidade para o Jetta. Muito por causa da boa transmissão, o médio da Volks consegue fazer o zero a 100 km/h na faixa dos 12 segundos. Número até bom para um carro uma relação peso/potência de altos 10,92 kg/cv. Nota 6.
Estabilidade – Como é de praxe para os veículos Volkswagen, a suspensão tem acerto bastante rígido. Isso significa que o Jetta Comfortline tem um comportamento dinâmico bastante correto. A suspensão conta com um acerto que permite encarar curvas com agressividade. A carroceria rola pouco e o motorista fica sempre com a sensação de segurança. A direção é precisa e em frenagens mais bruscas, o carro não tende a embicar muito. Nota 8.
Interatividade – De série, o Jetta já vem com ajuste de altura dos bancos dianteiros e do volante. Isso faz com que seja simples achar uma boa posição de dirigir. A transmissão automática conta com opção de trocas, tanto na alavanca, quanto no volante. Os comandos no interior são todos intuitivos e seguem o padrão dos veículos da Volkswagen. O destaque vai para o sistema de entretenimento – opcional – com tela sensível ao toque e entrada USB e auxiliar. Nota 8.
Consumo – Com etanol no tanque, o Jetta Comfortline 2,0L 8V conseguiu a média de 6,2 km/l em um circuito misto. Nota 7.
Conforto – O conceito da Volks para a suspensão é de um acerto mais duro. Mesmo assim, andar com o Jetta nas ruas das cidades não é uma tarefa que sacrifique tanto o conforto dos ocupantes. Além disso o espaço é suficiente para cinco ocupantes se acomodarem sem grandes problemas. Nota 7.
Tecnologia – A nova geração do Jetta conta com plataforma própria, não mais baseada no Golf, o que significou que ele pôde ganhar em comprimento e distância entre-eixos. O que joga contra essa versão do sedã médio da Volks neste aspecto é o motor defasado, que já tem mais de 10 anos de uso no mercado brasileiro sem nenhuma atualização. Ao menos a transmissão automática é a segunda geração do Tiptronic. Nota 6.
Habitabilidade – Os 8 cm ganhos na distância entre-eixos – totalizando 2,65 metros ¬– na mudança de geração do Jetta se mostram no espaço interno. Com isso, o sedã da Volkswagen acomoda os seus ocupantes com espaço suficiente. Só os passageiros com mais de 1,80 m encontram problemas em relação ao espaço dos joelhos. O vão de abertura das portas é bom e permite um bom acesso ao interior. Nota 8.
Acabamento – Na mudança de geração, o Jetta perdeu algo do requinte que caracterizava o antigo modelo. Agora, o sedã médio conta com diversos apliques de plástico rígido no interior. Pelo menos, eles aparentam boa qualidade e encaixe preciso. A parte superior do painel é revestida com um material emborrachado, macio ao toque. Nota 7. Design – Apesar de ganhar a mesma cara que está do Fox à Touareg, o Jetta consegue ter um design chamativo.
É no sedã médio que a linguagem visual da Volks melhor se encaixa. Um detalhe interessante são os apêndices no para-choque dianteiro, que lembram o de veículos de competição. Nota 7.
Custo/Benefício – Com o Jetta, a Volkswagen teve a proposta de se posicionar no meio do segmento de sedãs médios. Portanto, sem opcionais e equipado com câmbio manual, o modelo sai por R$ 65.755, enquanto que Renault Fluence e Peugeot 408 ficam na faixa dos R$ 59 mil e Toyota Corolla e Honda Civic custam R$ 67 mil. Com câmbio automático, o aumento de cerca de R$ 5 mil é padrão para todos os concorrentes. De fábrica, o modelo alemão traz ar-condicionado, trio elétrico, direção elétrica, ABS, airbag duplo, entre outros. A título de comparação, o mesmo carro nos Estados Unidos é vendido por R$ 28,6 mil, com as conversões monetárias já realizadas.
Nota 7. Total – O Volkswagen Jetta Comfortline 2,0L flex somou 71 pontos em 100 possíveis.Impressões ao dirigir: passado, presente e futuro No Brasil, o nome Jetta evoca um certo respeito na última safra de sedãs médios que foram comercializados por aqui. A última geração do modelo tinha um motor de 2.5 litros e cinco cilindros que gerava 170 cv de potência e um belo desempenho. Mas com preços na faixa dos R$ 90 mil, não tinha vendas representativas. A nova geração, no entanto, mudou esta história. Importado do México, o novo Jetta chegou para fazer parte da acirrada briga entre os sedãs médios, com uma versão básica e preço competitivo.
É a configuração 2,0L 8V Comfortline que responde pela maior parte das vendas e, consequentemente, é a mais vista nas ruas. O visual é parecido com outros veículos atuais da Volkswagen, mas consegue conquistar quem procura um carro com desenho sóbrio, tipicamente alemão. Na versão de entrada Comforline, qualquer esportividade que a tradição do Jetta no Brasil possa sugerir é inibida pelo defasado motor 2,0L 8V. Os 120 cv e 18,4 kgfm de torque se mostram insuficientes para mover o novo modelo da Volkswagen. O Jetta Comfortline só começa a ter um desempenho interessante acima dos 4 mil giros, mas mesmo assim, nada que se compare aos seus rivais equipados com propulsores mais modernos.Ao menos, a transmissão automática Tiptronic de seis velocidades tenta tirar o máximo possível do propulsor. Para quem busca mais esportividade, o indicado é colocar o câmbio na posição “S”, onde as trocas são feitas acima das 3 mil rpm – no modo “D”, a caixa de marchas tende a fazer as mudanças em baixas rotações, para privilegiar o consumo.
Assim como o câmbio, o acerto da suspensão é outro que tenta amenizar o fraco comportamento do motor. O Jetta é bom de curvas e não perde muita estabilidade mesmo quando entra em uma mais animado.Na parte de dentro, fica evidente outra grande modificação que aconteceu na troca de geração do sedã. Sai o acabamento de primeira e entra outro mais simples – e mais barato. Os materiais usados perderam parte do requinte, mas os encaixes e a construção ainda são de bom nível. Sinais de que o Jetta perdeu a sua aura de esportivo, mas ganhou inegável competitividade no mercado nacional. Agora, vem para brigar

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