St. Helena, Califórnia – Algumas pessoas não conseguem viajar sem Advil ou um travesseiro para o pescoço. O Dr. David M. Eisenberg, professor associado das Faculdades de Medicina e de Saúde Pública de Harvard, sente-se incompleto sem sua amada faca para guarnecer e seu cutelo Wüstoff de 20 centímetros.
Com um acalorado entusiasmo, ele empunhava ambos quando nos encontramos no estrado do Instituto de Culinária dos Estados Unidos, em Greystone. 
Preparava cogumelos shiitake perfeitamente dourados e uma dose abundante de saquê para os cerca de 400 pediatras, endocrinologistas, nutricionistas e outros profissionais de saúde que passaram três dias e meio no Vale do Napa aprendendo a cozinhar.
"Isto não é neurocirurgia", disse Eisenberg ao golpear um dente de alho com o cutelo. "Isto é uma comida saudável, acessível e incrivelmente deliciosa."
Filho de um padeiro do Brooklyn, Eisenberg é fundador e principal oficiante de "Cozinhas saudáveis, vidas saudáveis", um "casamento inter-religioso", como ele chama, entre médicos, pesquisadores de saúde pública e chefs renomados que buscam derrubar a barreira entre a cozinha "saudável" e a "apetitosa". 
Embora os médicos estejam na linha de frente do combate às crises de diabetes e obesidade do país, muitos recém-formados em Medicina têm pouco conhecimento de nutrição, e muito menos de culinária. 
É uma deficiência que está se tornando cada vez mais evidente à medida que aumentam as estatísticas, como a de que até 2050, um em cada três adultos irá desenvolver diabetes se as tendências atuais continuarem.
Para Eisenberg, o sabor é uma questão de saúde. Agora em seu oitavo ano, o evento, totalmente lotado, está na vanguarda de uma importante mudança de atitude levada a cabo por uma nova geração de profissionais médicos que cresceram convivendo com feiras de agricultores. 
Entre eles há alunos da Faculdade de Medicina Baylor, de Houston, que contrataram um chef para lhes ensinar técnicas culinárias, e um médico do subúrbio de Chicago que ficou tão inspirado pelo "Cozinhas saudáveis, vidas saudáveis" que, ao voltar ao seu local de origem, instalou uma cozinha para demonstrações em seu consultório.
Médicos como o cardiologista Jim Fox, de 51 anos, vindo de Traverse City, Michigan, trocaram estetoscópios por chapéus de chef para mergulhar nas belas artes do "domínio das marinadas saudáveis e das técnicas de grelhar" e "do preparo saudável de nozes e legumes".
Medical professionals during a cooking class at the annual "Healthy Kitchens/Healthy Lives" conference for doctors in St. Helena, Calif., March 27, 2012. Although physicians are on the front lines of the nation's diabetes and obesity crises, many graduate from medical school with little knowledge of nutrition, let alone cooking. (Jim Wilson/The New York Times)