Eu tenho uma teoria: a gente descobre a mulher realmente sexy apenas depois do sexo.
Nunca antes.
Nunca durante a conquista, momento em que elas, assim como nós, se armam para o jogo da sedução. Mulheres brincam com o cabelo e mordem o lábio de maneira displicente. Medem as palavras e até o gingado na hora de caminhar. Se sorrirem, então, é tiro e queda. Mas por mais que tudo isso aparente ser natural, são atos forçados, quiçá ensaiados durante toda a vida. São atos sem espontaneidade. A mulher que quer parecer sexy simplesmente atua.
Podemos chamar de armas, ferramentas, artifícios, depende de como você vê a tensão sexual entre um homem e uma mulher. Há vários nomes para o arcabouço gestual e verbal na hora da sedução. A verdade, contudo, é uma só: buscar ser sexy é fazer teatro. E, por isso, uma espécie de deliciosa falsidade. Não é ruim – inclusive pode ser lucrativo – e certamente é bastante divertido, mas não é puramente real.
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Neste momento, a mulher não é a mulher, mas sim uma projeção dela criada por ela própria. Ela se reinventa, e essa nova versão tem prazo de validade. Ela não sustentará a brincadeira com os cabelos ou as mordidas no lábio pela vida toda. Tudo isso acaba quando a fome passa.
Este é o cozido. Ou ao menos seria, se Claude Lévi-Strauss fosse um pouco mais safado e se dedicasse às mulheres com devoção. Cozido, aqui neste texto, é a reutilização infinita e com algumas poucas variações dos artifícios de sedução de sempre. É usurpar um gesto aqui e uma frase ali para compor uma persona. Mulheres sempre deram mordidinhas no lábio porque isso sempre funcionou. E dar mordidinhas sempre haverá de funcionar.
(Se eu fosse mais ingênuo, diria que a mordidinha é o que rege nosso mundo. Ela é capaz de criar e destruir impérios. Não fosse a mordidinha, Cleópatra talvez não tivesse sido rainha, mas sim apenas uma mulher com um nariz estranho. Sem os dentes prensados contra os lábios, inclusive, talvez nenhum de nós estivesse aqui.)
O oposto do cozido é o cru. E é no cru que está o sexy de verdade.
Depois do sexo – principalmente depois do sexo bem feito, sem pressa –, não há mais nada a provar. Isso serve tanto para homens quanto para mulheres. Você não é pressionado a se mostrar o literal “pica das galáxias”; ela, por sua vez, também se despoja de seus artifícios.
A mulher está na cama, ainda nua, com cabelo todo emaranhado em si, in natura. É o estado mais cru do ser feminino. E se este estado cru for atraente aos olhos e ao apetite masculino, é este o momento em que uma mulher sexy de verdade se revela.
Para o homem, o momento pós-sexo é aquele em que quase nada acontece. Ele fala de como ama a mulher ou da última pataquada de Dwight em The Office. Isso é irrelevante. Ele já gozou e está temporariamente saciado de sua fome. Nos próximos minutos, ele é um inútil para a mulher e para si mesmo, pelo menos sexualmente. O homem que acabou de gozar não é nada além de uma samambaia.
A mulher não.
Há mulheres que despertam o desejo do macho mesmo depois do sexo, nos segundos seguintes ao orgasmo. Ela não sabe disso, mas naquele instante ela é a mulher mais sexy do mundo. O homem ainda está colocando sua circulação em ordem, levando sangue para onde deve, e mesmo assim já pensa:
Puta que o pariu, que mulher linda! Eu a desejo!
Eis que a fome volta. Seria justificável que a pulsão se esvaísse logo em seguida, ou até mesmo que talvez nunca mais houvesse desejo. Mas não no caso da mulher verdadeiramente sexy. O desejo é sempre recorrente. Ao homem, nada mais resta: ele não encontrará paz e está condenado. Mas feliz.
Esta, senhores, é a mulher mais sexy do mundo.
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