por Rodolfo Bonafim - São Paulo/SP
Quando Galileu começou a estudar o céu com sua luneta, pôde observar os planetas descrevendo minúsculas órbitas. Pareciam a olho nu, apenas fontes pontuais de luz como as estrelas.
Vênus, por exemplo, estando mais próximo do Sol do que a Terra, exibia fases como a Lua, o que deveria ocorrer se fosse um corpo obscuro que brilhasse apenas por refletir a luz solar. Isso era uma prova de que os planetas também eram mundos possivelmente semelhantes à Terra, inclusive quiçá, comportando vida também...
Mas, a Teoria Cinética dos Gases, excluía qualquer astro menor do que a Lua, como possível incubador de vida, pelo fato de que pequenos mundos não têm atração gravitacional suficiente para manter uma atmosfera.
Mercúrio é dos planetas, o menor de todos, no entanto, tem 4,4 vezes o tamanho da Lua e seu diâmetro é de 4860 Km, sendo 1,4 vez superior ao da Lua. Já a aceleração da gravidade na superfície mercuriana é 2,3 vezes a da Lua e aproximadamente 2/5 da gravidade da Terra. Aparentemente, esses parâmetros seriam o bastante para Mercúrio manter ainda que uma leve atmosfera. Mas, no caso, há um obstáculo: Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol. Sendo assim, qualquer ar que ele pudesse ter, seria aquecido por temperaturas muito mais elevadas do que as existentes na atmosfera da Terra. Por consequência, as moléculas dos gases em Mercúrio seriam mais velozes e dificilmente seriam mantidas juntas à superfície.
Portanto, não há atmosfera em Mercúrio. Porém, foi detectada a presença de um invólucro de pouca espessura de hélio. A origem desse gás não é conhecida. Pode ser produto do decaimento radioativo de elementos como urânio e tório que se encontram presentes nas rochas do planeta. Podem também ser átomos capturados do vento solar.
Por outro lado, a sonda espacial Messenger, apesar de que pela proximidade com o Sol, Mercúrio apresenta temperatura superficial diurna máxima em torno de 425ºC, descobriu gelo nesse tórrido planeta, gelo esse que cobriria a cidade de Washington, capital dos Estados Unidos com uma camada de pouco mais de dois quilômetros de espessura....
Esse aparente disparate tem explicação, pois a inclinação do eixo de rotação de Mercúrio é quase zero, então partes dos polos nunca receberam insolação direta.
Grande parte desse gelo, porém, está coberto por uma camada de material escuro, possivelmente compostos orgânicos, fruto do impacto de meteoros e cometas, que aliás, segundo teorias, poderiam ser os ",semeadores da vida", na Terra, incluindo boa parte do conteúdo de água.
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Outra das esquisitices de Mercúrio, reside no fato de que em 2008, foi observado um tipo de cauda no planeta na direção anti-solar, semelhante a dos cometas! Isso seria o efeito mais uma vez da proximidade do Sol, cujos flares e vento solar soprariam material mercuriano para formar a cauda na direção oposta (anti-solar).
Observando Mercúrio
Por fim, o tema deste reporte é sobre as duas semanas de fevereiro de 2013, quando Mercúrio estará mais fácil de ser avistado, uma vez que por ser um planeta interior (e o mais perto do Sol), se afasta muito pouco do astro-rei, portanto, só pode ser visível logo depois do ocaso ou pouco antes do nascer do Sol!
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É a chamada elongação, o ângulo entre o Sol e o planeta quando observado da Terra. Quando um planeta interior é visível depois do pôr-do-sol, está próximo da sua elongação oriental máxima e quando é visível antes do nascer do sol, está próximo da sua elongação ocidental máxima. O valor da elongação máxima (leste ou oeste) para Mercúrio varia entre 18º e 28º e para Vênus, outro planeta interior e o segundo mais perto do Sol, está entre 45º e 47º.
Portanto, os valores da elongação para Mercúrio, faz deste astro, um planeta muito esquivo, daí essa oportunidade de observá-lo agora neste mês.
Procure observar o céu na direção do pôr-do-Sol, meia hora depois que o astro-rei submergiu no horizonte. Mercúrio deve ser avistado como um ponto brilhante meio róseo, devido as nuances de rosa por ocasião do ocaso.
Á medida que Fevereiro corre, Mercúrio estará mais alto no céu. A partir do dia 11 até o dia 21, o planeta que no começo do mês esteve visível meia hora depois do ocaso, nesse período, aparecerá uma hora depois do pôr-do-Sol, portanto, sob céu um pouco mais escuro, facilitando assim, seu avistamento.
Mas, é bom que se diga que a visibilidade deste pequeno planeta, vai depender das condições de localização do observador. Para observadores do litoral paulista, o avistamento pode ser difícil, mesmo sob boas condições de transparência atmosférica, devido ao obstáculo oferecido pelos contrafortes da Serra do Mar...
E a previsão do tempo também não é lá muito favorável, pois mesmo com a desconfiguração da ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), neste final de semana na Baixada Santista (litoral) e capital paulista, ainda há condições para instabilidades no início da próxima semana, devido ao aquecimento diurno aliado à umidade ainda presente (termodinâmica), na forma de pancadas de chuvas mesmo que esparsas. Porém, como as chuvas não serão contínuas, quiçá logo após o entardecer, não tenhamos condições ainda que temporárias, mas suficientes para o avistamento desse esquivo planeta?
A imagem anexa, mostra as elongações máximas de Mercúrio e Vênus (planetas interiores), bem como a conjunção e oposição de Marte, este um planeta exterior, isto é, mais distante do Sol do que a Terra. Não só Marte, mas também os outros planetas exteriores, como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, apresentam ângulos em relação ao Sol entre 0º (conjunção) e 180º (oposição).
Fonte: http://www.luispontes.com (Dicionário de Astronomia).
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