Nenhum país está preparado para guerra virtual, diz Exército brasileiro

Cyber War 

Em entrevista ao Olhar Digital, chefe do Centro de Defesa Cibernética conta o que tem sido feito pela segurança nacional
20 de Março de 2013
Kaluan Bernardo


Nos últimos anos um novo campo de batalha foi criado. A internet, desenvolvida justamente por militares norte-americanos, hoje é um elemento vital a ser defendido junto com a infra-estrutura do país.

Enquanto EUA e China ensaiam possíveis invasões mútuas, outros países correm para melhorar sua defesa cibernética. É o caso do Brasil, que trabalha na criação do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber) vinculado ao Ministério da Defesa.

Inaugurado no ano passado, o CDCiber atua com outros órgãos para melhorar a proteção virtual brasileira. Mesmo assim, "nenhum país no mundo está totalmente preparado para um ataque cibernético massivo", defende o general do exército José Carlos dos Santos, chefe do CDCiber, em entrevista exclusiva ao Olhar Digital.

Ele cita como exemplos ataques organizados contra a Estônia (2007) e Georgia (2008), que inviabilizaram os principais serviços de utilidade pública, paralisando as infraestruturas dos países. No livro "Cyber War", de Richard A. Clarke, o autor comenta que esse tipo de ofensa teria poder para derrubar a rede elétrica de uma nação

Reprodução

 General José Carlos dos Santos. Foto: Folha de S. Paulo



"O atacante tem de ter condições técnicas e políticas para realizar tal tipo de ataque, o que necessita de uma conjectura internacional de guerra tradicional", diz Santos. Os EUA, por exemplo, já declararam estar dispostos a retaliar com força física um ataque virtual massivo.



No Brasil, os programas militares cibernéticos são "extensivamente defensivos". "Estamos tornando nossas redes mais resistentes a todos os tipos de ataque – o que não exclui preparação para um eventual conflito declarado", conta o general.



Apesar de achar pouco provável uma guerra declarada com armas cibernéticas contra o país, Santos afirma que o CDCiber tem treinamentos para, por exemplo, neutralizar uma rede de ataque. "Ano passado fizemos o primeiro curso de guerra cibernética. Isso revela nossa intenção de conhecermos armas que poderiam ser utilizadas contra nós", argumenta.



O mesmo se aplica a bombas nucleares. "O Brasil nunca vai fazer uso deste tipo de armamento, que renuncia nossa constituição. Mesmo assim, dentro da estrutura militar, temos uma equipe de defesa contra ataques químico-nucleares porque, afinal de contas, a bomba nuclear existe, mas esperamos que ela jamais seja empregada pelo Exército brasileiro. Isso também acontece com a arma cibernética, que existe e pode ser desenvolvida, mas seu uso não condiz com a postura pacífica do país", explica o general.



Santos esclarece que o CDCiber está mais preocupado com ataques simples orquestrados em grandes eventos, como o derrubamento de sites e pixação de serviços, muitas vezes causados por ações hacktivistas. 



A estrutura do Centro e os detalhes de seu funcionamento para manter as redes nacionais seguras você pode conferir na primeira parte desta matéria, publicada na terça-feira.

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