Cortes no orçamento ameaçam sistema avançado de defesa eletrônica de nossas fronteiras.

Conceito atual do futuro KC-390, com cauda em "T"  e capacidade de carga aumentada de 19 para 23,6 ton, poderia ser incluído no PAC (Arte Embraer)
Conceito atual do futuro KC-390, avião de transporte militar da Embraer que, para escapar de cortes, acabou tendo seu desenvolvimento incluído no PAC (Arte: Embraer)
09/09/2013
 às 17:15 \ Política & Cia

Cortes no orçamento ameaçam sistema avançado de defesa eletrônica de nossas fronteiras. No ritmo atual de liberação de dinheiro, só ficará pronto em… 2074!!!

Por Roberto Godoy, para o jornal O Estado de S.Paulo 
EXÉRCITO PRECISA DE R$ 58 BILHÕES ATÉ 2030
Corte no orçamento ameaça o Sisfron, programa avançado de defesa da fronteira
O Exército brasileiro tem sete projetos estratégicos e precisa investir neles cerca de R$ 58,2 bilhões ao longo dos próximos 16 anos – até 2030, se tudo correr bem.
É um problema.
O governo, que até junho havia liberado apenas 50% do valor previsto para as aplicações deste ano, reteve, ainda, todas as dotações incluídas em emendas parlamentares.
Em maio, a equipe econômica cortou R$ 3,67 bilhões dos recursos destinados ao Ministério da Defesa e de novo em julho aparou mais R$ 919,4 milhões.
O ministro Celso Amorim alertou a presidente Dilma Rousseff para o risco de uma paralisação nos programas prioritários das três Forças – Exército, Marinha e Aeronáutica.
Acabou levando na pasta a promessa da liberação de R$ 400 milhões. Compromisso sem data.
Uma saída seria a inclusão do pacote de projetos no PAC, onde duas iniciativas da Defesa já estão abrigadas, o desenvolvimento do cargueiro militar da Embraer, o KC-390, e a produção, em todas as fases, de quatro submarinos avançados – de propulsão diesel-elétrica – mais o primeiro modelo nuclear.
Consultado pelo Estado, o Ministério do Planejamento e Gestão informou que também o sistema Astros 2020 e o blindado Guarani estavam fora do contingenciamento.
Não é verdade, garante fonte do Exército. Os dois programas não foram incluídos no PAC em 2013.
O projeto mais ambicioso do conjunto da Força Terrestre é o Sisfron, muralha eletrônica de 17 mil km integrando estações digitais, radares terrestres e unidades militares dotadas de recursos avançados.
O Sisfron começou sólido. A etapa piloto da primeira fase vai ser feita depressa, fica pronta já em 2015 e cobre 650 quilômetros na divisa do Brasil com o Paraguai e a Bolívia, em Mato Grosso do Sul.
Sisfron, muralha eletrônica de 17 mil km integrando estações digitais, radares terrestres e unidades militares (CLIQUE NA IMAGEM PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR)
Sisfron, muralha eletrônica de 17 mil km integrando estações digitais, radares terrestres e unidades militares (CLIQUE NA IMAGEM PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR)
“Vai custar R$ 839 milhões e isso significa apenas 6,99%do total do plano. É muito”, diz Luiz Aguiar, presidente da empresa Embraer Defesa e Segurança, contratada para executar o plano.
A faixa total controlada pelo projeto tem 150,5 km de largura e se estende como um corredor. “É o maior empreendimento do gênero em execução no planeta”, diz o ministro da Defesa, Celso Amorim.
De fato. Visto em conjunto com o Sivam, escudo de vigilância da Amazônia, inaugurado em 2002, o Sisfron abrange o equivalente à porção ocidental da Europa – e mais um pouco. O pacote pretende controlar 30% do território nacional, no espaço que separa o Brasil de 11 de seus vizinhos.
Segundo Marcus Tollendal, o presidente da Savis (empresa da Embraer responsável pelo projeto), em dez anos, o Sisfron vai se expandir e atingir a Amazônia e o Cone Sul. Segundo ele, há nessas áreas uma “mancha criminal” associada a um “vazio populacional” e à menor presença do Estado.
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