MENSALÃO: o chamado “mensalão mineiro” encerra, sim, acusação de crimes, que devem ser punidos — mas o do PT é muito mais grave: foi um ATENTADO à República e à democracia
Publicado originalmente a 13 de setembro de 2012, às 18h30. Republicado agora por ser oportuníssimo
O texto que se segue é do leitor e amigo do blog Ruy Jorge, respeitado advogado na capital do país, de quem tenho a honra de ser amigo desde quando, jovens, frequentamos o Curso de Direito da Universidade de Brasília — em cujo vestibular, diga-se de passagem, ele passou em primeiro lugar.
Eu próprio poderia ter escrito este texto, porque CONCORDO INTEIRAMENTE COM ELE.
Também sou daqueles que defendem a plena punição de todos aqueles que cometeram crimes, independentemente de pertencerem a qualquer grupamento político. Acho, entretanto, que é necessário separar coisas distintas.
O apodo “mensalão mineiro” ou “mensalão tucano” não passa de uma criação petista visando a equiparar situações distintas, embora – repito – ambas passíveis de sanção penal.
Embora as acusações abranjam, em ambos os casos, desvio de dinheiro público, são elas diferentes. No mal apelidado mensalão mineiro trata-se, verdadeiramente, de crime eleitoral – nem por eleitoral menos crime.
Já o mensalão de verdade – o que está sendo julgado no STF – foi algo muito mais grave, pois, além do desvio de dinheiro público – comum a ambos – o que houve foi um grave atentado à democracia, com a compra apoio político de parlamentares e de partidos inteiros, numa tentativa de perpetuação do PT no poder.
No caso do deputado Eduardo Azeredo [na ocasião dos fatos, 1998, candidato à reeleição como governador de Minas], não houve nenhuma referência a qualquer tentativa de compra de apoio político ao governo, em nenhuma casa parlamentar.
E a compra de apoio parlamentar é o que qualifica e torna incomparavelmente mais grave o crime do lulalato.
O apodo “mensalão mineiro” ou “mensalão tucano” não passa de uma manobra dos petistas – que construíram a tese do caixa dois e do crime eleitoral – para equiparar crimes totalmente diferentes. Uma tentativa de incutir na mente do povo a ideia de que ambos não passaram da mesma coisa, e que, assim, o mensalão foi “apenas” um crimezinho eleitoral, tal como o outro.
E a mídia – grande parte dela sem se dar conta das intenções ocultas – aderiu, gostosamente, à manobra e acabou por dar a ambos os crimes – crimes, note bem – a mesma conotação.
Volto a repetir: qualquer crime deve ser punido – acho, até que os de natureza eleitoral deveriam ser tratados pela lei com rigor maior do que previsto na atual legislação, pois distorcem o resultado das eleições.
Mas o caso do mensalão traduz atentado à democracia e à República de gravidade só comparável à de um verdadeiro golpe de Estado.
Equiparar ambos, ainda de apenas dando o mesmo “apelido”, acaba por fazer o jogo dos inimigos da democracia e dos candidatos a tiranete…
Nunca me conformei em ver setores da mídia abraçar, de forma tão cândida – alguns, outros não – uma meia-verdade, maliciosamente plantada, a qual vem acabando por ganhar a conotação de uma mentira inteira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário